Carros elétricos em condomínios: quem paga a conta de luz

Com a venda destes veículos em alta, administradoras de condomínios estão atentas para solucionar questão e evitar possíveis empasses entre vizinhos

Assessoria de Imprensa editado por Mario Akira
recarga eletrica

Recarga carro elétrico (Freepik)

No ano passado foram emplacadas mais de 177 mil unidades de carros elétricos leves, representando um aumento de 89% em relação a 2023, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

São números e realidades que mudam a rotina dos moradores de condomínios, que veem crescer a instalação de carregadores em suas garagens e a dúvida sobre quem paga a conta.

Guilherme Fernandes, diretor geral da Apolar GTX, especializada em administração de condomínios, explica que é preciso haver consenso sobre a instalação dos carregadores de baterias e que a discussão cresce na mesma proporção da frota de carros elétricos.

“As pautas de assembleia estão mudando. Hoje, é comum incluir discussões sobre eletropostos, dimensionamento da rede elétrica e até mudanças no regimento interno”, observa.

Entre os condomínios administrados pela empresa já há 12% com algum tipo de estrutura para recarga elétrica, seja em vagas individuais ou em pontos compartilhados. E a tendência é que esse número cresça nos próximos anos, avalia.

“Nosso papel, nesse caso, é orientar, com base nas normas técnicas. O objetivo é garantir segurança na instalação, respeito aos direitos dos moradores e preparo para a nova mobilidade urbana”, reforça o diretor.

Na cidade de São Paulo, novas construções já exigem a entrega com a infraestrutura de recarga de veículos elétricos instalada. Em Curitiba, apesar de não haver legislação municipal, a Copel, concessionária de energia do Paraná, estabelece exigências mínimas para a conexão de carregadores de veículos elétricos à rede elétrica, com o objetivo de garantir a segurança das instalações. Além disso, a instalação deve seguir os requisitos da ABNT.

Mas afinal, quem paga a conta da recarga do carro elétrico?

Sem legislação específica, é a partir das discussões coletivas que se deve decidir sobre a responsabilidade pelo pagamento, que vai depender do modelo adotado pelo condomínio. Quando o condomínio opta por pontos de recarga coletivos, os custos podem ser rateados, o que exige planejamento e transparência.

“O que existe hoje, na prática, é baseado em jurisprudência e bom senso: o morador interessado deve pagar pela instalação e pela energia consumida, desde que tudo seja aprovado em assembleia e respeite as normas técnicas”, orienta.

Foi o que aconteceu no caso de um condomínio no Campo Comprido, em Curitiba. O modelo adotado foi o de ponto individual, seguindo normas técnicas elaboradas por um engenheiro elétrico. O condomínio precisou melhorar a infraestrutura elétrica para comportar a instalação de tomadas para carros elétricos em todas as unidades. A infraestrutura foi custeada pelo condomínio, conforme aprovado em assembleia. Já os pontos individuais são custeados por cada morador.

Opções possíveis
Realizadas as discussões e avaliações técnicas necessárias, são três os sistemas possíveis:

1) Vaga individual com carregador exclusivo, quando o condômino arca com todos os custos de instalação, compra do carregador, adequações elétricas e energia consumida (com medição individual);
2) Ponto compartilhado de recarga compartilhado nas áreas comuns, em que o prédio instala uma ou mais estações de recarga em vagas rotativas. A energia usada é medida e cobrada de quem usar;
3) Carregadores terceirizados de empresas especializadas instalados em vagas previamente acordadas com o condomínio, geralmente em empreendimentos com unidades de locação temporária (short stay). A empresa cobra diretamente pela recarga e paga ao condomínio uma espécie de aluguel pelo uso do espaço.
Qualquer um desses sistemas pode ter a instalação barrada se houver risco à segurança elétrica do prédio; o projeto não seguir normas técnicas; afetar áreas comuns sem autorização; ou se a assembleia decidir por maioria que a instalação não é viável no momento.