A tecnologia acelera o melhoramento genético de sementes enquanto legislação busca frear pirataria e garantir inovação no campo. O tema foi abordado por Jhony Möller, Diretor Executivo da Apasem (Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas), nesta quarta-feira (1º), durante o 10º Congresso de Sementes das Américas (SAA Seed Congress), realizado em Foz do Iguaçu.
Segundo ele, os métodos tradicionais, que antes exigiam de 10 a 15 anos de cruzamentos para desenvolver uma nova variedade, foram substituídos por ferramentas modernas como o CRISPR (tecnologia de edição genética), que permitem intervenções mais rápidas e precisas nos genes.
Diferente da transgenia, explicou Möller, a edição genética não necessariamente adiciona genes externos, mas atua em ligações internas, “ligando ou desligando” funções específicas. Ele citou como exemplo a soja tolerante à seca: “ao desativar um gene responsável por reduzir a atividade da planta em períodos de estiagem, foi possível criar uma variedade capaz de manter-se ativa até a volta das chuvas”.
Esse tipo de inovação, avalia o executivo, não representa apenas ganhos em produtividade, mas também maior resiliência das lavouras diante de fenômenos climáticos, como El Niño e La Niña, que impactam diretamente a disponibilidade de água nas safras. “Estamos diante de um salto científico que torna a condução das lavouras mais segura e sustentável”, afirmou.
O impacto vai além da soja. Culturas como o tomate já estão sendo estudadas para incluir características que não só reforçam a resistência, mas também trazem benefícios à saúde humana. Uma das pesquisas em andamento busca variedades capazes de contribuir para a saúde cardiovascular, ampliando o alcance da biotecnologia da produção de alimentos para a qualidade de vida das pessoas.
LPC é um pilar essencial
Paralelamente, a tecnologia de edição genética se soma à Lei de Proteção de Cultivares, apontada como um pilar essencial para fortalecer a inovação no setor agrícola. A legislação, apoiada por associações estaduais e pela Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), estabelece responsabilidades claras sobre a produção de sementes, desde o desenvolvimento de germoplasma até a cobrança de royalties.
Um dos pontos centrais da lei é o combate à pirataria de sementes, prática que gera perdas bilionárias. Estudos apontam que cerca de 11% da soja cultivada no Brasil é plantada com sementes piratas, resultando em prejuízo anual de aproximadamente R$ 10 bilhões. “Quando combatemos a pirataria, não estamos apenas protegendo os obtentores, mas fortalecendo toda a cadeia produtiva, garantindo arrecadação tributária e criando um ambiente mais justo para a agricultura avançar”, reforçou Möller.
Na avaliação do dirigente, tanto o avanço científico quanto o respaldo legal caminham juntos para impulsionar a agricultura sustentável, conciliando produtividade, inovação, segurança alimentar e responsabilidade ambiental.
O que é Apasem
Fundada em 1971, a Apasem (Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas) há 54 anos defende os interesses de produtores e comerciantes no Paraná. A entidade atua no aprimoramento vegetal, na análise de sementes e na capacitação técnica. Além disso, a Apasem organiza eventos e reuniões para identificar e resolver demandas do setor sementeiro, representando cerca de 70 associados perante órgãos estaduais e federais para impulsionar o agronegócio.