
Uma região do Paraná pode virar polo nacional de inteligência artificial. O Biopark – Parque Tecnológico do Oeste do Paraná, que abriga a Faculdade e Colégio Donaduzzi, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Instituto Federal do Paraná (IFPR) e mais de 130 empresas, busca se consolidar como referência em inteligência artificial. A proposta é unir pesquisa e setor produtivo em um mesmo ambiente, promovendo encontros frequentes para troca de experiências.
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Na última semana, o Biopark recebeu 240 participantes na conferência IA 360, com dois dias de debates. “Foram palestras e novas formas de olhar e compreender a IA. Além disso, é um espaço amplo e propício para networking”, frisa diz o coordenador do curso de Inteligência Artificial da Faculdade Donaduzzi, Leonardo Tampelini. O evento foi realizado em parceria com a Faculdade Donaduzzi, o Biopark, a Fundação Araucária e a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná.
“A inteligência artificial está presente no nosso dia a dia, muitas vezes de forma invisível. As empresas precisam enxergar a IA como uma aliada, razão pela qual é essencial compreender de que forma ela pode ser aplicada dentro de cada realidade”, . “No ano passado, criamos o primeiro curso superior de IA autorizado pelo MEC, pois entendemos que é necessário mão de obra qualificada para executar os projetos e atender às demandas que surgem nas organizações, sejam elas de pequeno ou grande porte. Por isso, consideramos fundamental promover conexões que fomentem o uso ético e estratégico da tecnologia”, ressalta Tampelini.

A adoção da inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo tem se mostrado uma alavanca de crescimento, trazendo vantagens econômicas e ganhos expressivos de produtividade. Um levantamento da Amazon Web Service (AWS) revela que 95% das empresas brasileiras que incorporaram a tecnologia já registram aumento médio de 31% no faturamento e 96% na produtividade. Entre os principais impactos estão a melhoria do atendimento ao cliente (66%), o fortalecimento da formação e capacitação de funcionários (59%) e a criação de novos produtos e serviços (56%), de acordo com o estudo “Desbloqueando o potencial da IA no Brasil”.
Startups usam inteligência artificial para acelerar prototipagem
O Biopark conta com um espaço dedicado a startups, oferecendo, entre outros benefícios, consultoria e laboratórios para pesquisa. Marcos Ambrosio, gestor de Startups e Tecnologias no Oeste do Paraná pelo SEBRAE, destaca que 40% das startups mapeadas pelo Brasil já utilizam inteligência artificial para desenvolvimento das soluções. “Hoje ficou muito mais simples testar e validar protótipos, muitas vezes em equipes de apenas três ou quatro pessoas. Quem recorre à IA encontra maior facilidade para prototipar, testar, interagir com o cliente e ajustar continuamente a proposta. Antes, era necessário investir cerca de R$ 100 mil para começar a estruturar um projeto; agora, com duas horas de trabalho bem direcionado, já é possível colocar um site no ar com uma solução em potencial e verificar se existe a demanda”, ressalta Marcos.
Empresários defendem investimento em pesquisa e dados
“Entendo que já perdemos o bonde para desenvolver a inteligência artificial. Para não ficarmos para trás, precisamos investir fortemente em conhecimento, pesquisa e educação, de modo a aproveitar a ciência de dados, os grandes bancos de informações e a própria IA, desenvolvendo expertise para garantir competitividade”, afirma o presidente do Iguassu Valley, Victor Donaduzzi. “Como instituições e empresas, captamos muitos dados, mas, sem gerar informação e decisão, eles não servem para nada. Quando passamos a interpretá-los e utilizá-los para potencializar o negócio, alcançamos um patamar diferente”, explica Donaduzzi.
Formação de profissionais é desafio central para polo de inteligência artificial
Especialistas afirmam que grande parte das empresas está aberta a desenvolver soluções de inteligência artificial e, para isso, enfrenta duas principais demandas. A primeira é capacitar os colaboradores para utilizarem a tecnologia de forma responsável, aumentando a produtividade e automatizando ao máximo suas tarefas. A segunda é criar produtos próprios que possam ser oferecidos aos clientes, seja por meio de softwares mais intuitivos ou de melhorias nos produtos já comercializados.

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“Em ambos os casos, as empresas buscam apoio, e o foco principal delas é a universidade”, garante o professor da UTFPR, Thiago Naves. “Hoje, a UTFPR e a Faculdade Donaduzzi atuam em parceria, desenvolvendo soluções para empresas e indústrias e, sobretudo, formando mão de obra em inteligência artificial em Toledo”, explica. “Companhias de grande porte já enxergam o Oeste do Paraná como um polo para o desenvolvimento de produtos de IA em conjunto com a universidade e, eventos que reúnem empresários e academia tendem a fortalecer ainda mais essa percepção”, conclui Naves