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Dólar (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

O dólar fechou em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,446, nesta quinta-feira (4). A Bolsa, por outro lado, registrou alta de 0,80%, a 140.993 pontos. As ações de bancos brasileiros impulsionaram a recuperação do índice, que caiu 0,33% na véspera.

O pregão ficou marcado pela divulgação de dados econômicos dos EUA que mostraram um mercado de trabalho mais fraco do que o projetado -o que reforçou as apostas de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos).

A desvalorização da moeda foi na contramão do exterior. O índice DXY, que compara a força do dólar com outras seis divisas do mundo, subiu 0,12%, a 98,28 pontos, ao longo do dia.

A subida do Ibovespa aconteceu mesmo com as ações do BRB (Banco de Brasília) despencando durante o pregão. O movimento ocorreu após o BC (Banco Central) rejeitar a compra do Master pelo estatal na noite de quarta (3).

Trabalho nos EUA

Dados divulgados nesta quinta mostraram que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos Estados Unidos ficou abaixo do esperado em agosto.

Foram abertos 54 mil postos de trabalho no setor no mês passado, ante 106 mil em julho, mostrou o Relatório Nacional de Emprego da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 65 mil empregos.

Além disso, segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, novos pedidos de auxílio-desemprego aumentaram 8.000, mais do que o esperado, na última semana, totalizando 237 mil.

Economistas consultados pela Reuters previam 230 mil pedidos de auxílio desemprego na semana encerrada em 30 de agosto.

Analistas também monitoraram as incertezas da política comercial de Trump e a ofensiva do republicano ao Fed. Na última sexta-feira (29), um tribunal dos Estados Unidos decidiu que as tarifas recíprocas de Trump são ilegais. O tribunal também determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte americana.

Trump, na noite da última terça, cobrou uma decisão rápida da Suprema Corte sobre as tarifas. “É uma decisão muito importante e, francamente, se eles tomarem a decisão errada, será uma devastação para o nosso país”, afirmou.

Fed

Enquanto isso, o presidente americano mantém sua pressão sobre a autonomia do Fed, em busca de um maior controle sobre o banco central.

Trump anunciou a demissão da diretora do Fed Lisa Cook na última semana. Após dizer que o republicano não tinha autoridade para demiti-la, a diretora entrou com uma ação judicial contra Trump.

Acredita-se que a ação judicial movida por Cook inicie uma longa batalha que deve ser resolvida pela Suprema Corte americana.

No cenário doméstico, as atenções estão voltadas para os desdobramentos da decisão do BC (Banco Central) de rejeitar a compra do Banco Master pelo BRB.

De acordo com pessoas a par da decisão do BC ouvidas pela Folha, o risco de sucessão foi uma das razões para a negativa.

Esse risco acontece porque o futuro responsável pelo negócio, no caso o BRB, teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master.

As ações do Banco de Brasília chegaram a desabar mais de 14% ao longo do pregão desta quinta.

Tarifaço

As tensões comerciais entre Brasil e EUA também continuam no radar do mercado interno. De acordo com Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços), as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 18,5% em agosto na comparação com mesmo período do ano passado em meio ao tarifaço.

Além disso, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou nesta semana, promete acirrar a relação conturbada entre os países.

Quando Trump anunciou a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria vítima.

A primeira semana do julgamento do ex-presidente foi marcada pela leitura do relatório do caso, pela acusação da PGR (Procuradoria Geral da República) e pela defesa dos reús. A sessão será retomada na próxima terça (9) com os votos dos ministros do STF.

Ministros do STF dizem esperar uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento.

Paralelamente, líderes do centrão e da oposição pressionam por um pacote de anistia que beneficie o ex-presidente. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lidera o movimento. Ele desembarcou nesta semana em Brasília para atuar na linha de frente da articulação.

Na noite desta terça, Alcolumbre afirmou rejeitar uma anistia ampla e disse que vai apresentar e discutir um projeto de lei alternativo.