
O dólar fechou em queda de 0,37% nesta quinta-feira (16), cotado a R$ 5,441. Em dia de agenda esvaziada, o mercado digeriu os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto). Na ponta internacional, o destaque ficou com as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além de expectativas sobre os juros americanos.
Já a Bolsa recuou 0,28% a 142.200 pontos.
O IBC-Br mostrou que a atividade brasileira voltou a crescer em agosto, a 0,4%, rompendo a sequência de três meses de queda. O dado, porém, veio mais fraco do que os 0,6% esperados. A desaceleração, segundo analistas de mercado, deriva de um ambiente de juros restritivos e incertezas em relação à política tarifária dos Estados Unidos.
Na última reunião de política monetária, no mês passado, o BC (Banco Central) decidiu manter a taxa básica de juros do país, a Selic, em 15% ao ano. A ata do encontro mostrou que o colegiado inaugurou uma nova fase na política de juros, na qual a Selic deverá ficar inalterada por um longo período de tempo para atingir a meta de inflação de 3% ao ano.
O dado de agosto “reforça que a atividade não corre o risco de uma desaceleração acentuada, mas atravessa um período de crescimento mais contido”, avalia Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.
Tarifaço
Ao mesmo tempo, o mês de agosto foi marcado pela entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo carne, café e frutas. Há expectativas de que o tarifaço seja atenuado: o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se encontraram nesta tarde para começar as tratativas sobre as sobretaxas.
“É a primeira de uma série de conversas. Tem muito chão pela frente e vai demorar até termos algum resultado concreto, mas o fato de que autoridades brasileiras e americanas estão oficialmente sentando à mesa para conversar traz maior otimismo para os investidores”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
As tarifas do presidente Donald Trump seguem em destaque no mercado global também. A escalada de tensões entre Estados Unidos e China tem voltado a despertar temores de uma guerra comercial de grandes proporções, semelhante à do início do ano.
À época, Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e o líder chinês Xi Jinping respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas temporariamente para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA.
Na semana passada, porém, o governo de Xi Jinping anunciou controles de exportação que devem causar rupturas no fornecimento global de terras raras, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter autorização de Pequim para exportar ímãs críticos e outros produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras extraídas da China.
Citando a “posição extraordinariamente agressiva” dos chineses na imposição de “controles de exportação para todos os tipos de produtos”, o presidente Donald Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro na sexta-feira.
Em resposta, o Ministério do Comércio chinês defendeu o diálogo, mas disse estar disposto a “ir até o fim” caso os EUA não voltem atrás nas sobretaxas adicionais de 100%. “Se os Estados Unidos optarem pelo confronto, a China o levará até o fim; se optarem pelo diálogo, nossa porta permanecerá aberta”, afirmou na terça.
Já nesta quinta, a China acusou os americanos de alimentar pânico em relação aos controles chineses sobre terras raras.