O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira (18), cotado a R$ 5,5009 (variação positiva de 0,07% em relação à terça-feira, 17). Em junho, o dólar caiu 3,82% em relação ao real. No ano, as perdas chegam a 10,99%. O fechamento ocorreu após trocas de sinais e oscilações modestas ao longo da tarde.
O dia ficou marcado por decisão de política monetária no Brasil, com a taxa de juros, e nos Estados Unidos. Segundo operadores, depois do rali recente do real, investidores adotaram uma postura cautelosa e evitaram apostas mais contundentes.
As tensões geopolíticas que dominaram as atenções nos últimos dias parecem ter ficado em segundo plano nesta quarta. Não houve reação expressiva do mercado de câmbio à possibilidade de os Estados Unidos se envolverem diretamente na guerra entre Israel e Irã. O presidente norte-americano, Donald Trump, adotou postura ambígua ao dizer que pode ou não atacar instalações do programa nuclear iraniano.
Como esperado, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) manteve inalterada a taxa básica de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, em comunicado que mencionou diminuição das incertezas. Os dirigentes do BC norte-americano reduziram levemente as projeções de crescimento e aumentaram as estimativas de inflação neste e no próximo ano. Entre 19 dirigentes do Fed, oito acreditam que os juros terminarão 2025 entre 3,75% e 4,00%, ou seja, 50 pontos-base abaixo do nível atual – expectativa majoritária do mercado embutida na curva de juros americana.
Copom
No Brasil, de 48 casas ouvidas por Projeções Broadcast, 27 preveem que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por deixar a taxa básica estacionada em 14,75%. Já outras 21 instituições apostam em elevação da Selic em 0,25 ponto porcentual, para 15% ao ano. Nesta quarta, o Copom decidiu elevar a taxa de juros para 15,00% ao ano.
Independente da decisão do Copom nesta quarta, analistas ouvidos pelo Broadcast destacam que a perspectiva de Selic em nível elevado por período prolongado tende a servir de barreira para eventual alta do dólar no mercado doméstico. E pode até levar a uma nova rodada de apreciação do real. Isso porque estimula operações de carry trade e torna muito custoso o carregamento de posições compradas em dólar.
Índice DXY
Lá fora, a reação inicial foi de aprofundamento do recuo das taxas dos Treasuries e do índice DXY – que mede o desempenho da moeda norte-americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes. Por aqui, o dólar praticamente não se mexeu e seguiu alternando entre ligeiros avanços e recuos, ao redor de R$ 5,50.
O índice DXY, contudo, ganhou força em meio às declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, o que levou o dólar a se firmar em leve alta na comparação com o real. Powell alertou que o tarifaço de Trump já começa a ser sentido nos preços, efeito que deve se intensificar nos próximos meses. Mais: as incertezas provocadas pelo vaivém da política comercial americana deixam os dirigentes do Fed receosos em promover um corte de juros. “Para reduzir juros, estamos esperando para ver o que acontece com as tarifas”, disse Powell.
“A decisão do Fed foi em linha com o mercado. O discurso de Powell chamou a atenção ao dar destaque aos impactos das tarifas sobre a economia americana, o que deve levar o Fed a adotar uma postura mais cautelosa”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, ressaltando que há receio de que o esperado corte de juros nos EUA ainda neste ano não se concretize. “Podemos ver uma pressão de curto prazo na nossa taxa de câmbio se o mercado deixar de ver queda de juros nos EUA. Por outro lado, temos ainda uma Selic bastante elevada, o que atrai fluxo de capital especulativo”.