
O dólar fechou nesta terça-feira (14) em alta de 0,19%, cotado a R$ 5,470. O dia foi embalado pela nova rodada de tensões entre Estados Unidos e China. Isso porque o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, criticou a postura comercial de Pequim.
Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, “o cenário externo é de aversão ao risco, o que beneficia os ativos considerados portos seguros, como ouro, iene e franco suíço, e prejudica ações, commodities e moedas de países emergentes, caso do real”. Este contexto exerceu uma pressão de alta sobre a taxa de câmbio do Brasil, afirma.
A Bolsa ficou perto da estabilidade, em leve recuo de 0,07%, a 141.682 pontos. O pessimismo atingiu as ações brasileiras no fim da tarde, pouco antes do fim do pregão. O mesmo ocorreu com os índices de Wall Street, que, após abrirem em queda, viraram para o positivo.
Bradesco e Embraer foram destaques do Ibovespa, com altas de 1,41% e 4,88%, respectivamente. Fora do índice, as ações do Banco Pan chegaram a subir até 28% após o BTG Pactual propor a incorporação do banco, do qual já detém 76,9%.
EUA x China
Após o alívio nas tensões comerciais entre as potências na véspera, que fez o dólar fechar em queda e a Bolsa em alta, o acirramento da relação entre EUA e China voltou ao foco dos investidores.
Em entrevista divulgada pelo Financial Times nesta manhã, Scott Bessent acusou a China de tentar prejudicar a economia mundial ao restringir as exportações de terras raras e minerais críticos.
“Isso é um sinal de quão fraca está a economia deles, e eles querem derrubar todos os outros junto com eles”, disse. “Talvez exista algum modelo de negócio leninista em que prejudicar seus clientes seja uma boa ideia, mas eles são o maior fornecedor para o mundo. Se eles querem desacelerar a economia global, serão os mais prejudicados.”
Na semana passada, o governo de Xi Jinping anunciou a adoção de controles de exportação que devem causar rupturas no fornecimento global de terras raras, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa. Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão obter autorização de Pequim para exportar ímãs críticos e outros produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras extraídas da China.
Citando a “posição extraordinariamente agressiva” dos chineses na imposição de “controles de exportação para todos os tipos de produtos”, o presidente Donald Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro na sexta-feira.
Em resposta, o Ministério do Comércio chinês defendeu o diálogo, mas disse estar disposto a “ir até o fim” caso os EUA não voltem atrás nas sobretaxas adicionais de 100%. “Se os Estados Unidos optarem pelo confronto, a China o levará até o fim; se optarem pelo diálogo, nossa porta permanecerá aberta”, afirmou nesta terça.
O cenário reacende o risco de uma guerra comercial, semelhante à do início do ano, quando Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA.