00dolar valter campanato
Dólar. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O dólar fechou próximo à estabilidade nesta terça-feira (30), cotado a R$ 5,321, marcando variação positiva de 0,02% ao término das negociações. A Bolsa também encerrou o dia sem grandes variações, em leve queda de 0,06%, a 146.237 pontos.

O mercado de câmbio foi pautado pela possível paralisação de parte do governo dos Estados Unidos na ponta internacional e, na doméstica, pela definição da taxa Ptax de fim de mês. A possibilidade de uma paralisação do governo norte-americano norteou os mercados globais nesta sessão.

O financiamento para agências federais dos Estados Unidos expira na virada para quarta-feira e, até o fechamento, pareceu improvável que republicanos e democratas do Congresso chegassem a um acordo para prorrogá-lo após o prazo.

Controlado por republicanos, o Senado deve votar nesta terça um projeto de lei de gastos temporários que já falhou uma vez, sem nenhum sinal de que uma segunda votação trará sucesso. Os democratas querem modificar o projeto de lei para prorrogar benefícios de saúde que expiram no final do ano para milhões de norte-americanos, enquanto os republicanos dizem que devem tratar dessa questão separadamente.

Agências federais divulgaram planos detalhados que fechariam escritórios que realizam pesquisas científicas, atendimento ao cliente e outras atividades não consideradas “essenciais” e mandariam milhares de trabalhadores para casa se o Congresso não chegar a um acordo.

“O problema para o mercado financeiro em particular é que as agências estatísticas do governo americano vão ficar sem financiamento e vão paralisar praticamente todas as suas atividades”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX. O Departamento do Trabalho, por exemplo, disse que não divulgará seu relatório mensal de emprego, um termômetro da saúde econômica dos EUA.

Cautela

O momento é especialmente sensível diante da cautela dos operadores em relação aos próximos movimentos do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), cujas decisões sobre a taxa de juros são pautadas por dados econômicos de emprego e inflação. A paralisação, segundo Mattos, pode afetar tanto a qualidade quanto a pontualidade dos relatórios, diminuindo a visibilidade do mercado sobre a evolução da economia e, portanto, aumentando a incerteza na tomada de decisões.

A semana reserva a divulgação do payroll, principal indicador sobre o estado do mercado de trabalho para o Fed. A próxima guarda o relatório de inflação CPI e dados de vendas no varejo, “que já começam a correr riscos de um atraso mais significativo”.

“Nós ainda não sabemos se a economia norte-americana está passando por um enfraquecimento pontual, se vai se manter em uma trajetória de resiliência ou se é o começo de uma desaceleração consistente. Precisamos de dados para fazer essa avaliação, e a paralisação pode ameaçar a leitura.”

Diante desse cenário, o dólar enfrenta perdas globais pela segunda sessão consecutiva. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda em relação a outras seis divisas fortes, caiu 0,13%, a 97,78 pontos. O ouro, ao mesmo tempo, voltou a bater recordes de preço nesta terça, tendo chegado ao valor de US$ 3.870 por onça-troy durante a madrugada.

No Brasil, porém, a cotação do dólar foi influenciada pela formação da Ptax de fim de mês, que tradicionalmente traz mais volatilidade às cotações.