O dólar teve forte alta de 0,93% nesta quarta-feira (24) e encerrou a sessão cotado a R$ 5,326. Nesta quarta, o mercado voltou a ter os juros dos Estados Unidos como foco norteador das negociações. Já a Bolsa teve leve ganho de 0,04%, a 146.491 pontos, renovando o recorde histórico de fechamento pelo segundo dia consecutivo.
Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), fez declarações consideradas cautelosas sobre o ciclo de afrouxamento monetário. Ele sinaliza que novos cortes não estão garantidos.
A recalibragem nas expectativas levou à valorização do dólar globalmente, e o Brasil seguiu o movimento, apagando grande parte das perdas de terça-feira (23), que levaram a moeda a R$ 5,277, menor valor desde junho de 2024.
Contrariando as expectativas do mercado, Jerome Powell usou de seu discurso na terça-feira para impor cautela entre os agentes financeiros. Novos cortes de juros, disse ele, não estão garantidos.
Segundo o presidente do Fed, os diretores da autoridade monetária estão em uma sinuca de bico: ou priorizam o combate à inflação, ou protegem empregos.
Juros
Se a taxa de juros for afrouxada “de forma muito agressiva”, corre-se o risco de “deixar o trabalho da inflação inacabado e precisar reverter o curso” novamente, a fim de levá-la à meta de 2%. Por outro lado, manter as taxas restritivas por muito tempo significaria que “o mercado de trabalho poderia enfraquecer desnecessariamente”.
“Os riscos de curto prazo para a inflação estão inclinados para cima. E os riscos para o emprego para baixo. Uma situação desafiadora”, disse Powell em Rhode Island. “Quando nossos objetivos estão em tensão como esta, nossa estrutura nos chama para equilibrar ambos os lados de nosso mandato duplo.”
O Fed cortou na quarta-feira passada (17) os juros americanos em 0,25 ponto, para a faixa de 4% a 4,25%. Havia sinais de fraqueza no mercado de trabalho, inflação resiliente e dados modestos envolvendo o impacto das tarifas. Foi o primeiro corte no ano, em meio à briga do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por uma política monetária menos restritiva.
O mercado, segundo a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, estava firme na ideia de que o Fed cortaria os juros mais três vezes no curto prazo -duas esse ano e outra em 2026. Havia indicações de que a autoridade monetária dos EUA estava mais focada em conter a desaceleração do mercado de trabalho do que em levar a inflação à meta.
“Essa leitura impulsionou muitos ativos, já que uma taxa mais baixa nos EUA desestimula que investidores tenham caixa em dólar e os leva a buscar proteção e risco em outros mercados”, afirma. A mudança no tom, explica ela, levou a um recálculo de rota. Favorece o dólar globalmente e os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro americano, os treasuries.