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Dólar. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O dólar fechou em leve queda de 0,14% nesta quarta-feira (8), cotado a R$ 5,342, com foco voltado à votação da MP (Medida Provisória) dos Impostos no Congresso Nacional. Os deputados tiraram a MP da pauta e, com isso, ela perdeu a validade.

Já a Bolsa subiu 0,55%, a 142.145 pontos, pegando carona no bom humor global.

A comissão mista da MP que aumenta impostos aprovou na terça uma versão desidratada do texto, que poupa as bets (casas de apostas) da alta na tributação e mantém a isenção sobre rendimentos de títulos imobiliários e do agronegócio. Mesmo com todas essas concessões, a medida foi aprovada por apenas um voto de diferença. A MP visava garantir ganhos de R$ 35 bilhões no próximo ano, afastando o risco de uma crise nas contas públicas.

A votação da MP impôs novamente a questão fiscal nas mesas de operação. Ainda, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça que uma proposta de zerar a tarifa de ônibus deve integrar a campanha de reeleição do presidente Lula no próximo ano.

A concomitância da tarifa zero com a MP dos impostos gera mal-estar no mercado – e a dificuldade de aprovação da medida provisória adiciona mais duas preocupações aos investidores, segundo Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

“O governo terá mais dificuldade em atingir as metas do arcabouço fiscal, mesmo se a MP for aprovada, já que o texto, desidratado, abre mão de fontes de receita, como a tributação das bets. E a segunda preocupação é: se não passar, o governo mostra que não tem força para avançar suas pautas econômicas no Congresso e vai ter uma dificuldade ainda maior para conseguir atingir as metas”, avalia.

Fed

O mercado pesa a ata da última reunião do Fed. No encontro de setmebro, o comitê optou por cortar os juros em 0,25 ponto percentual, levando a taxa à banda de 4% e 4,25%, no que foi a primeira redução do ano.

O documento mostrou que os dirigentes viram riscos o suficiente no mercado de trabalho para justificar um corte, mas muitos continuaram cautelosos em relação à inflação alta.

“A maioria dos participantes observou que era apropriado mudar a taxa básica em direção a uma configuração mais neutra, porque eles julgaram que os riscos de baixa para o emprego haviam aumentado.”

Ao mesmo tempo, “a maioria também enfatizou os riscos de alta em suas perspectivas para a inflação, apontando para leituras de inflação que se afastam ainda mais de 2%, incerteza contínua sobre os efeitos das tarifas” e outros fatores.

O resultado foi que, embora “a maioria tenha julgado que provavelmente seria apropriado afrouxar ainda mais a política monetária durante o restante deste ano”, o cronograma e o ritmo de novos movimentos permaneceram em aberto.

A paralisação do governo dos Estados Unidos, porém, limita a visibilidade do Fed sobre o estado da economia, uma vez que as agências federais estão suspendendo as divulgações de relatórios até o financiamento normalizar.

O relatório de emprego “payroll”, por exemplo, é uma das métricas mais importantes para o Fed e teve sua divulgação, antes prevista para sexta-feira passada, adiada indefinidamente.

À medida que a reunião de política monetária no final do mês se aproxima, marcada para os próximos dias 28 e 29, as autoridades do Fed continuam sem acesso às estatísticas essenciais para tomar uma decisão.