
O dĂ³lar fechou em queda de 0,33%, nesta quarta-feira (27), cotado a R$ 5,415, acompanhando o movimento da moeda no exterior num dia com poucas oscilações. JĂ¡ o Ibovespa, que abriu em queda, fechou em alta de 1,04%, a 139.205 pontos. A valorizaĂ§Ă£o da Bolsa foi impulsionada pela recuperaĂ§Ă£o das ações da Sabesp (Companhia de Saneamento BĂ¡sico do Estado de SĂ£o Paulo) e de bancos brasileiros.
No caso do dĂ³lar, investidores acompanharam a divulgaĂ§Ă£o de dados da economia brasileira e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel GalĂpolo. A decisĂ£o do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir uma diretora do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) permaneceu no foco.
Na agenda de dados do dia, o foco esteve sobre o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de julho, divulgado na tarde desta quarta. Segundo o MTE (MinistĂ©rio do Trabalho e Emprego), o Brasil abriu 129,8 mil vagas formais de trabalho durante o mĂªs. O resultado veio abaixo do esperado. Economistas projetavam 135,6 mil vagas criadas para o perĂodo. O resultado do mĂªs passado tambĂ©m foi o mais baixo desde março, que teve abertura de 79,5 mil vagas. E foi o mais fraco para o mĂªs desde 2020, inĂcio da pandemia de Covid-19.
Segundo Rubens Cittadin, operador de renda variĂ¡vel da Manchester Investimentos, os dados mostram uma desaceleraĂ§Ă£o econĂ´mica. “Isso trouxe um otimismo maior para o Ibovespa. Uma economia mais fraca, com menor criaĂ§Ă£o de emprego, Ă© o que a Selic (taxa bĂ¡sica de juros) mais restritiva espera e indica uma reduĂ§Ă£o de juros”, disse.
Banco Central
Ainda na cena domĂ©stica, o mercado tambĂ©m esteve atento Ă agenda de GalĂpolo, que deu sinais na direĂ§Ă£o contrĂ¡ria.
O presidente do BC afirmou em evento da Fenabrave (FederaĂ§Ă£o Nacional da DistribuiĂ§Ă£o de VeĂculos Automotores) que a Selic deve permanecer no patamar de 15% por um longo perĂodo, jĂ¡ que a convergĂªncia para o centro da meta de inflaĂ§Ă£o segue lenta.
Ainda de acordo com GalĂpolo, mesmo com a polĂtica monetĂ¡ria, o real vem se apreciando a um ritmo mais forte do que seus pares ao longo deste ano e o mercado de cĂ¢mbio tem se comportado muito bem.
Ele acrescentou que investidores globais continuam em busca de ativos no mercado dos EUA, mas os agentes buscam mitigar riscos de desvalorizaĂ§Ă£o do dĂ³lar.
Tarifaço
TambĂ©m nesta quarta, Haddad, em entrevista ao UOL, afirmou que as tarifas dos EUA devem “machucar um pouco” a economia brasileira, mas que o paĂs tem condições para enfrentar a situaĂ§Ă£o.
“[O tarifaço] vai machucar um pouco? Vai. Porque tem setores que exportam mais de 50% da sua produĂ§Ă£o para lĂ¡. EntĂ£o, tem empresas, setores nĂ£o, mas empresas que vĂ£o sofrer. De uma maneira geral, macroeconomicamente falando, eu acredito que o Brasil estĂ¡ em condições de enfrentar”, disse.
Ainda segundo o ministro, as negociações entre os paĂses se darĂ¡ no ambiente comercial, nĂ£o no polĂtico. “Tudo que estĂ¡ sendo mobilizado nesse momento Ă© para contestar os argumentos [americanos, que justificaram o tarifaço]. Como Ă© que um paĂs que tem dĂ©ficit com os EUA hĂ¡ 15 anos, mais de US$ 400 bilhões acumulados, pode ser sobretaxado por razões estranhas?”
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variĂ¡vel da Veedha Investimentos, o mercado financeiro domĂ©stico teve um dia de otimismo. “As commodities reagiram Os agentes tambĂ©m continuam monitorando os desdobramentos da demissĂ£o de Lisa Cook, do Fed.
Segundo analistas, esta tentativa de Trump gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetĂ¡ria americana. Lisa Ă© uma trĂªs diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o perĂodo de governo de Trump, e foi uma das nove diretoras que votou pela manutenĂ§Ă£o da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reuniĂ£o realizada no fim de julho, decisĂ£o que irritou Trump.
A diretora do Fed afirmou que a sua demissĂ£o nĂ£o tem amparo legal e que tambĂ©m nĂ£o vai renunciar ao posto.