
O dólar fechou em queda de 0,66% nesta segunda-feira (20), cotado a R$ 5,370, com o cenário externo em foco. A moeda norte-americana fechou abaixo de R$ 5, 40 pela primeira vez em 11 dias.
O dia foi pautado, principalmente, por dados econômicos divulgados pela China e pelas expectativas sobre as tarifas de importação entre Pequim e Estados Unidos. A combinação de fatores incentivou a procura por ativos de risco, incluindo moedas de mercados emergentes.
O otimismo contaminou a Bolsa, que fechou em alta de 0,77%, a 144.509 pontos. O Ibovespa ainda acompanhou as praças acionárias de Wall Street, que fecharam em forte valorização sob expectativa da temporada de balanços do terceiro trimestre.
O S&P500 avançou 1,13%; Nasdaq Composite e Dow Jones, 1,37% e 1,12%, respectivamente.
Segundo dados divulgados no domingo (19) – manhã desta segunda em Pequim –, o PIB (Produto Interno Bruto) chinês desacelerou pela segunda vez consecutiva e cresceu 4,8% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
O ritmo é menor do que os 5,2% registrados no segundo trimestre e os 5,4% do primeiro trimestre, ainda que tenha mantido a China no caminho de atingir a meta de crescimento de 5% em 2025. A leitura do mercado é que a crise imobiliária do país e as tensões comerciais com os Estados Unidos reduziram a demanda, intensificando a pressão sobre autoridades para adotar novos estímulos econômicos.
Tarifas dos EUA
A renovação das tensões tarifárias com Washington destacou as fragilidades da economia chinesa, ainda dependente da manufatura e da demanda externa. Isso elevou as expectativas de que os líderes do país possam adotar mudanças maiores para reorientar o crescimento com base no consumo interno.
Ainda, a desaceleração da economia chinesa ocorre sob ameaças de novas tarifas por parte dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou sobretaxas adicionais de 100% sobre produtos chineses e novos controles de exportação sobre “todo e qualquer software crítico” até 1º de novembro, nove dias antes da atual trégua tarifária entre os dois países expirar.
No sábado (18), o governo chinês anunciou que representantes dos países devem se encontrar nesta semana para uma nova rodada de negociações.
As novas medidas comerciais foram em reação à expansão dos controles de exportação de elementos de terras raras pela China, produtos essenciais para uma série de indústrias, da automobilística à de defesa.
A proposta de tarifa de 100% não é sustentável, afirmou Trump em entrevista na sexta. “Mas o número é esse. Eles me forçaram a fazer isso”, disse. Ele também confirmou que se reunirá com o líder chinês, Xi Jinping, em duas semanas na Coreia do Sul.
Antes disso, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que espera se reunir nesta semana com o vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng para tentar evitar a escalada de tarifas.
Guerra comercial
A escalada de tensões entre Estados Unidos e China tem voltado a despertar temores de uma guerra comercial de grandes proporções, semelhante à do início do ano.
À época, Trump impôs tarifas de 145% sobre produtos chineses e Xi Jinping respondeu com 125% sobre mercadorias americanas. Depois de meses de cabo de guerra, as sobretaxas foram reduzidas temporariamente para 30% sobre a China e 10% sobre os EUA. Essa trégua é válida apenas até o dia 12 de novembro.
Com os acenos à moderação, os mercados voltaram a ter apetite por risco. “O tom mais conciliador entre Estados Unidos e China, além das reuniões entre as autoridades e os presidentes, tem deixado os mercados externos mais calmos, consequentemente refletindo na valorização do nosso”, afirma Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos.
Os Estados Unidos também estão abrindo portas para negociação com o Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, se reuniram presencialmente na Casa Branca na última quinta-feira.
Em comunicado divulgado após o encontro, o governo americano disse que as conversas foram muito positivas e combinaram um cronograma de trabalho.
A divulgação de uma manifestação conjunta, assinada pelos dois governos, não é um padrão do Departamento de Estado, indicando uma sintonia entre as partes sobre o teor do encontro.