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Dólar. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O dólar acelerou os ganhos em relação ao real ao longo da tarde. Após máxima de R$ 5,5937 na reta final dos negócios, encerrou a sessão desta segunda-feira (14) em alta de 0,66%, cotado a R$ 5,5842.

Trata-se do valor de fechamento desde 5 de junho (R$ 5,5845). Após fechar o primeiro semestre com perdas de 12,07%, o dólar à vista já acumula alta de 2,76% em julho.

Segundo operadores, a busca por posições cambiais defensivas se acentuou durante a segunda etapa de negócios. Os investidores esperam a resposta do governo brasileiro à imposição de tarifas de 50% dos Estados Unidos (EUA) a partir de 1º de agosto.

Também pesou contra o real o recuo maior das cotações do petróleo. Isso ocorreu depois que o presidente dos Estados Unudos, Donald Trump, disse que pode impor tarifas secundárias de até 100% sobre a Rússia caso não haja um acordo para um cessar-fogo na Ucrânia nos próximos 50 dias.

“O dólar lá fora é para cima porque o ambiente é de muito risco. E aqui o mercado está se preparado para retaliação do Brasil às tarifas do Trump”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

No fim da tarde, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o decreto da reciprocidade está pronto, será assinado nesta segunda-feira (14) pelo presidente Lula e publicado nesta terça (15). “O decreto não cita país não, como a lei não cita. A lei autoriza o Executivo a adotar medidas de proteção do País quando medidas extemporâneas e extraordinárias forem adotadas de forma unilateral por outros países do Brasil”, disse.

Tarifaço

Como adiantado por fontes ao Broadcast Político, um comitê interministerial montado pelo Palácio do Planalto para analisar o tarifaço de Trump sobre produtos brasileiros começará a se reunir com representantes dos setores econômicos a partir de terça-feira, com a coordenação do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Negaram-se informações ventiladas mais cedo de que o governo trabalhava com pedido de extensão de prazo para negociação com os EUA. E negou-se a ideia de redução das tarifas a produtos brasileiros de 50% para 30%.

O time de economistas do Itaú, liderado pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, observa que o anúncio das tarifas de Trump ao Brasil “reverteu, em parte, a dinâmica benigna” do real. Segundo ele, a moeda vinha se beneficiando de um dólar globalmente mais fraco e do elevado diferencial entre juros internos e externos. Por ora, o Itaú mantém projeção de taxa de câmbio em R$ 5,65 no fim deste ano e de 2026.

Cenário internacional

“O cenário internacional, com dólar global mais fraco, poderia levar a taxa de câmbio para níveis mais apreciados. Contudo, as tarifas impostas, somadas à incerteza fiscal, limitam os ganhos da moeda”, afirma o banco, em referência às dúvidas sobre o IOF e a reforma do Imposto de Renda.

No fim de semana, Trump anunciou tarifas de 30% para México e União Europeia. Mas deixou a porta aberta para negociações com o bloco europeu e outros parceiros comerciais.

“O mercado está mais cauteloso e ainda tenta entender qual será o nível efetivo de tarifas que os Estados Unidos vão adotar, o que tem puxado um pouco o dólar para cima”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, para quem, mesmo com uma melhora do ambiente externo, não há espaço para a taxa de câmbio voltar para o nível de R$ 5,40 visto no início de julho. “Temos juros altos que mantêm a atratividade para o estrangeiro. Mas os problemas fiscais devem puxar o risco para cima.”