O dólar apresentou alta nesta quinta-feira (25), com investidores digerindo dados acima do esperado nos Estados Unidos e novas projeções econômicas divulgadas pelo BC (Banco Central) mais cedo. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) de setembro também está de pano de fundo nas negociações.
Nesta quinta, a moeda norte-americana avançou 0,72%, a R$ 5,3419. Já a Bolsa recuava 0,81%, a 145.306 pontos.
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada. O relatório do Departamento do Trabalho indicou que os pedidos caíram em 14 mil, para 218 mil, ante expectativa de economistas consultados pela Reuters de 235 mil.
A leitura do mercado é que, ainda que as empresas estejam mantendo seus funcionários empregados, elas permanecem relutantes em aumentar as contratações, considerando as incertezas provocadas pela política comercial protecionista do governo Donald Trump.
A fraqueza na demanda por novos funcionários corroeu a resiliência do mercado de trabalho – principal causa para o corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em 0,25 ponto percentual na semana passada. A repressão à imigração também reduziu a oferta de mão de obra.
Ao mesmo tempo, a manutenção de empregos acima do esperado endossa a postura de cautela do Fed, reforçada pelo presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, em discurso na terça-feira. Segundo ele, os diretores da autoridade monetária estão em uma sinuca de bico: ou priorizam o combate à inflação, ou protegem empregos.
Se a taxa de juros for afrouxada “de forma muito agressiva”, corre-se o risco de “deixar o trabalho da inflação inacabado e precisar reverter o curso” novamente, a fim de levá-la à meta de 2%. Por outro lado, manter as taxas restritivas por muito tempo significaria que “o mercado de trabalho poderia enfraquecer desnecessariamente”.
No Brasil
Em resposta aos novos dados, o dólar apagou as baixas no Brasil vistas na abertura, deixando em segundo plano as divulgações de mais cedo.
O BC informou, por meio do Relatório de Política Monetária, que reduziu as projeções de crescimento do PIB em 2025, de 2,1% para 2,0%. Além disso, estimou em 1,5% a expansão da economia em 2026.
“A ligeira redução decorre dos efeitos, ainda incertos, do aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos, bem como de sinais de moderação da atividade econômica no terceiro trimestre”, disse o BC no documento.
A comunicação do BC, na visão de Leonel Mattos, da StoneX, segue em um tom firme. “O BC reforça que as expectativas inflacionárias para o Brasil continuam muito elevadas, embora tenham tido um modesto progresso recentemente, e que a dinâmica inflacionária também continua muito aquecida, inviabilizando a possibilidade de corte de juros”, avalia.
Nessa toada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial do país pelo tempo de coleta, subiu 0,48% em setembro, abaixo da estimativa de 0,51% dos economistas em pesquisa da Reuters.
Segundo Mattos, a moderação na inflação em tese ajuda nas apostas de cortes para a taxa Selic, hoje em 15% ao ano. “Mas o BC segue muito coerente e firme na mensagem de que um progresso pontual não é o suficiente. É preciso observar um processo consolidado de vários meses consecutivos antes de considerar cortes na taxa Selic.”