
O dĂ³lar teve alta na sessĂ£o desta quarta-feira (25), devido Ă votaĂ§Ă£o do decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na CĂ¢mara Federal. Com mĂ¡xima a R$ 5,5733, a moeda fechou em alta de 0,66%, a R$ 5,5551 – maior valor desde o Ăºltimo dia 10 (R$ 5,5704).
As perdas no mĂªs, que chegaram a superar 3,50%, agora sĂ£o de 2,87%. No ano, o dĂ³lar recua 10,11% em relaĂ§Ă£o ao real, que apresenta o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas.
O tropeço do real Ă© atribuĂdo em grande parte ao aumento de ruĂdos polĂticos com o embate entre o Congresso e o governo. De forma surpreendente, o presidente da CĂ¢mara dos Deputados, Hugo Mota (Republicamos-PB), pautou para esta quarta a votaĂ§Ă£o de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que revoga o decreto de aumento do IOF. Uma vez aprovado na CĂ¢mara, o PDL seria apreciado pelos senadores, segundo o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (UniĂ£o Brasil – AP).
AvaliaĂ§Ă£o
“O real se valorizou bastante recentemente muito puxado pelo aumento da taxa Selic, que ampliou o diferencial de juros, atraindo capital estrangeiro. Agora devolve um pouco dos ganhos com a questĂ£o fiscal voltando a chamar a atenĂ§Ă£o”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Ele ressalta que o governo nĂ£o mostra disposiĂ§Ă£o para cortar gastos e pode perder receita adicional se nĂ£o tiver suas propostas derrubadas no Congresso.
Na terça Ă noite, em entrevista na TV Record, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o pacote fiscal do governo. Segundo ele, traria justiça social e atingiria apenas “os moradores da cobertura”. As falas de Haddad teriam desagradado as lideranças no Congresso. A casa jĂ¡ estĂ¡ insatisfeita com o ministro FlĂ¡vio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que emperra o pagamento de emendas parlamentares.
“Essa histĂ³ria envolvendo o IOF mostra que o mercado ainda Ă© sensĂvel ao quadro fiscal, que tinha ficado um pouco de lado com o enfraquecimento global do dĂ³lar”, afirma o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani. Ele projeta taxa de cĂ¢mbio em R$ 6,00 no fim do ano. “A questĂ£o nĂ£o Ă© nem se o governo vai entregar as metas do arcabouço fiscal, mas que essas metas sĂ£o insuficientes para ancorar as expectativas de estabilizaĂ§Ă£o da dĂvida pĂºblica.”
Risco
Ă€ tarde, a agenda de classificaĂ§Ă£o de risco Fitch Ratings reiterou o rating “BB” do Brasil, com perspectiva estĂ¡vel. A falta de consolidaĂ§Ă£o fiscal, que leva ao aumento da relaĂ§Ă£o dĂvida/PIB, Ă© o principal obstĂ¡culo para uma elevaĂ§Ă£o da nota brasileira, avalia a agĂªncia.
No Ăºltimo dia 5, a S&P Global Ratings tambĂ©m havia reiterado a nota do Brasil em BB, com perspectiva tambĂ©m estĂ¡vel. No fim de maio, a Moody’s anunciou manutenĂ§Ă£o da rating brasileiro (Ba1, sem sua escala), um nĂvel abaixo do chamado grau de investimento, mas alterou a perspectiva de positiva para estĂ¡vel – o que deixou o paĂs mais longe do selo de bom pagador.
O retorno dos ruĂdos polĂticos se dĂ¡ em momento tecnicamente desfavorĂ¡vel ao real, com saĂda de recursos tĂpicas de fim de semestre e recomposiĂ§Ă£o de posições defensivas em derivativos cambiais. Ă€ tarde, o BC informou que o fluxo cambial ficou negativo em US$ 1,787 bilhĂ£o na semana passada (de 16 a 20 de junho). Isso porque houve saĂda lĂquida de US$ 2,623 bilhões pelo canal financeiro.
Pela manhĂ£, o BC vendeu a oferta integral de US$ 1 bilhĂ£o oferecidos no mercado Ă vista e os 20 mil contratos (US$ 1 bilhĂ£o) em swaps cambais reversos, que, na prĂ¡tica, significa compra de dĂ³lar no mercado futuro. Operadores ressaltaram que a operaĂ§Ă£o teve como objetivo reduzir a pressĂ£o no cupom cambial, que reflete a taxa de juros em dĂ³lar no Brasil.