O dólar fechou em alta de 0,31%, a R$ 5,439 nesta segunda-feira (1º). O volume de negociação deste pregão foi reduzido, por conta do feriado do dia do Trabalho nos Estados Unidos. Além disso, os investidores esperam a divulgação dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e também o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos estão previstos para ocorrer nesta terça-feira (2).
Já o Ibovespa teve leve queda de 0,09%, a 141.283 pontos.
Na sexta-feira (29), o dólar fechou com alta de 0,29%, cotado a R$ 5,421. Já a Bolsa bateu o recorde histórico nominal de fechamento do Ibovespa ao fechar aos 141.422 pontos, uma alta de 0,36%.
Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a alta do dólar desta segunda foi sustentada por fatores técnicos. “A valorização ocorre após forte queda no mês anterior e reflete também a pressão da queda das commodities na sessão de hoje, em especial do minério de ferro, influenciada por dados mistos de atividade na China”, afirma Shahini.
Investidores também acompanharam a guerra comercial de Donald Trump. Desta vez, as investidas são sobre a Índia. O governo americano também enfrenta a Justiça do país, que julgou a maior parte das tarifas como ilegais.
Cena doméstica
No âmbito doméstico, o mercado permanece atento ao cenário eleitoral. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputam quem irá capitalizar politicamente a megaoperação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) da última semana.
Nesta sexta, em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente Lula afirmou que Tarcísio não seria nada sem Jair Bolsonaro (PL). E que Tarcísio fará o que o ex-presidente quiser. Já o governador paulista disse que seu primeiro ato, caso eleito, será dar indulto ao ex-presidente.
Pesquisa Atlas/Intel da última quinta mostrou Tarcísio à frente de Lula em um cenário hipotético de segundo turno das eleições presidenciais de 2026.
O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica Tarcísio marcando 48,4% contra 46,6% de Lula na disputa presidencial do ano que vem.
Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o ritmo é de otimismo com a candidatura de Tarcísio, visto como mais pró-mercado. “O mercado já começa a antecipar as eleições do ano que vem. Podemos esperar a volatilidade em cima dessas pesquisas que se tornarão mais recorrentes”.
Tarifaço
O impasse comercial envolvendo Brasil e EUA também permanece no radar. O presidente Lula autorizou no final da ultima quinta (28) que o Itamaraty dê início ao processo para adoção de medidas da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos.
A pasta comandada pelo ministro Mauro Vieira acionou a Camex (Câmara de Comércio Exterior), que tem 30 dias para analisar os argumentos sobre a legalidade de acionar instrumentos de retaliação.
Além disso, há um temor de que o julgamento de Bolsonaro (PL), que se inicia esta terça (2), intensifique as tensões entre os países.
Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.
PIB
Outro fator que pode influenciar os mercados é o PIB do Brasil referente ao segundo trimestre. A expectativa de economistas consultados pela Bloomberg é de que o crescimento da economia desacelere para 0,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, após expansão de 1,4% nos três primeiros meses do ano.
Quanto menor a força da economia, maior o caminho para o Banco Central cortar juros, já que os preços tendem a subir menos.
Nesta segunda, agentes do mercado ajustaram para baixo suas estimativas para a inflação neste ano e no próximo, mostrou a pesquisa Focus do BC. Os analistas reduziram a estimativa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 a 4,85% ante 4,86% estimados na semana anterior, e em 2026 para 4,31%, ante 4,33%.