Dólar sobe; real tem em julho o pior desempenho mensal do ano

Estadão Conteúdo
09dolar

Dólar. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O dólar firmou alta no período da tarde desta quinta-feira (31), após volatilidade com disputa técnica pela taxa Ptax pela manhã. O real apresentando em julho o seu pior desempenho mensal de 2025. A moeda norte-americana à vista oscilou entre R$ 5,5633 e R$ 5,6243, fechando em alta de 0,21%, a R$ 5,6008. Encerrou julho com uma valorização de 3,07% – a maior desde novembro de 2024.

O contrato futuro para setembro, por sua vez, avançava 0,66%, a R$ 5,6440 às 17h17, com giro considerável de mais de US$ 11,5 bilhões.

Há relatos de saída de recursos estrangeiros após entendimento do mercado desde a quarta-feira (30) de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode manter os juros no mesmo nível por mais tempo. Por aqui, dados do setor público consolidado mostraram uma piora na dinâmica da dívida. Ainda que desidratado, o tarifaço dos EUA ao Brasil e as sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, adicionam cautela.

A queda das commodities e pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostrando que a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atinge 50,2%. Supera a desaprovação pela primeira vez em 2025. Lula liderando os cenários da disputa eleitoral de 2026 contra a direita podem ter pressionado o real, segundo operadores.

A gestora de câmbio da Fair Corretora, Glaucy Rosa Lima, destaca que no fim do mês há um aumento natural de operações cambiais por vários motivos operacionais e financeiros.

Movimento de pressão

Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, o “movimento de pressão na nossa taxa de câmbio foi motivada pela interpretação do mercado de que o tom do discurso do presidente do Fed foi mais duro, sinalizando que os juros americanos devem permanecer nesse nível ainda na decisão de setembro. Então isso acabou fortalecendo o dólar de forma geral hoje, inclusive no Brasil”, afirma.

Lima, da Fair Corretora, acrescenta que a tensão política por conta da aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes também pesa.

O superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, menciona que apesar da lista de exceções de quase 700 produtos, as tarifas de 50% dos Estados Unidos ao Brasil (que devem entrar em vigor a partir de 6 de agosto) ainda abordam produtos-chave para o País, mexendo com a balança comercial. Ele acrescenta que investidores estrangeiros estão retirando recursos do Brasil nesta quinta. Isso porque a dívida pública está em seu pior nível em termos porcentuais contra o Produto Interno Bruto (PIB).

O real teve a pior performance mensal desde novembro de 2024. Ainda assim, a oscilação não destoou em relação a pares emergentes e de exportadores de commodities.