Economia Guarulhos

Dono do Banco Master é preso pela Polícia Federal pouco antes de viajar para Dubai

Constança Rezende - Folhapress
Polícia Federal em ação

Polícia Federal (Crédito: Divulgação/Polícia Federal)

A Polícia Federal (PF) prendeu o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. A prisão aconteceu na noite da segunda-feira (17), em São Paulo, quando se preparava para embarcar num voo para Dubai, nos Emirados Árabes. O sócio dele, Augusto Lima, também foi detido.
Vorcaro foi detido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. De acordo com a coluna Mônica Bergamo, o banqueiro embarcaria em um jato particular.
Segundo integrantes da corporação que acompanham o caso, havia uma suspeita de que o banqueiro pudesse deixar o país para evitar a prisão. A assessoria de imprensa de Vorcaro ainda não comentou a prisão.
A operação, chamada de Compliance Zero pela PF, tem o objetivo de combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.
Policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Até às 10h, a PF informou que havia cumprido seis prisões e uma ordem de bloqueio em contas de R$12,2 bilhões. Foram apreendidos diversos carros de luxo, obras de arte, relógios e cerca de R$ 1,6 milhão em espécie.
De acordo com a PF, as investigações tiveram início em 2024, após uma requisição do Ministério Público Federal para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira.
Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada, segundo a polícia. Estão sendo investigados crimes como gestão fraudulenta, temerária e organização criminosa.
Em nota, o BRB afirmou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.
O Banco informou, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira e que a decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências da insitituição determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.
“A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional”, disse.
Advogados do banqueiro Daniel Vorcaro negaram à colunista da Mônica Bergamo que ele estivesse fugindo do país. Segundo profissionais que integram a defesa de Vorcaro, ele estava embarcando para os Emirados Árabes para assinar o contrato de venda do banco para investidores, anunciada na segunda.
A Fictor Holding Financeira, que anunciou oferta pela compra do banco, afirmou ter como sócio um consórcio dos Emirados Árabes, porém não revelou o nome do grupo.
A Polícia Federal também prendeu Lima e faz uma operação na sede do BRB, em Brasília. O banco do Distrito Federal protagonizou uma longa negociação para a compra do Master ao longo deste ano, com a compra de títulos de crédito da instituição de Vorcaro.
Em setembro, o Banco Central rejeitou tentativa de compra do BRBA autoridade monetária apontou risco de sucessão ao vetar a operação, já que o BRB teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master.
Lima é casado com Flavia Peres, ex-primeira-dama do Distrito Federal e ex-ministra da Secretaria de Governo da gestão Jair Bolsonaro (PL).
LIQUIDAÇÃO
O Banco Central também decretou nesta terça-feira (18) liquidação do Banco Master e colocou o Master Múltiplo, parte do conglomerado, sob regime de administração especial temporária por 120 dias. O banco enfrentava dificuldades depois de investir em uma série de ativos ilíquidos, como precatórios.
Em maio, o Master precisou recorrer a uma linha de liquidez de mais de R$ 4 bilhões do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para honrar depósitos.
Na tentativa de evitar a liquidação, Vorcaro tentou vender o banco para o BRB. Nesta segunda-feira (17), o grupo Fictor, pouco conhecido no mercado financeiro, anunciou que pretendia comprar o Master, com uma injeção de capital incial de R$ 3 bilhões.

⚠ Comunicar erro