Economia Sutentabilidade

Edifício de luxo de Curitiba é único do País em tripla certificação

Editada por Ana Ehlert
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Empreendimento de Curitiba é ó único do País a ter tripla certificação (Divulgação)

Referência em construção sustentável no Brasil, o empreendimento BOSSA — Casas Suspensas, da TM3 Incorporadora, conquistou a certificação GBC Biodiversidade, que se soma aos selos GBC Condomínio e GBC Life. Com isso, o empreendimento localizado em Curitiba se torna o primeiro projeto habitacional do país a reunir três certificações do Green Building Council Brasil.

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Ao longo de cinco anos, o projeto foi desenvolvido pela consultoria Bloco Base em parceria com a incorporadora, seguindo uma abordagem sustentável que considera múltiplas dimensões. As certificações obtidas refletem essa estratégia: o selo GBC Condomínio reconhece o desempenho ambiental do edifício; o GBC Life valoriza ações voltadas ao bem-estar, saúde e qualidade de vida dos moradores; e o GBC Biodiversidade atesta o compromisso com a regeneração e a preservação dos ecossistemas da região.

Lais Ito, responsável pelas diretrizes de inovação e sustentabilidade da TM3 Incorporadora, explica que todos os custos relacionados aos atributos de sustentabilidade do Bossa, incluindo consultoria, certificações e itens como bicicletário, exaustão de subsolo, central de resíduos, sensores, hidrômetros digitais, testes de qualidade acústica, sistema fotovoltaico e sensor de CO, representaram somente 1% do VGV (valor geral de vendas, ou seja, toda a renda obtida com a comercialização do edifício) desmistificando a ideia de que sustentabilidade encarece o produto.

“Essa conquista indica uma mudança de mentalidade no setor ao demonstrar ser possível conciliar regeneração ambiental, bem-estar e viabilidade comercial em um único projeto. A prova disso é que 100% das unidades foram comercializadas antes mesmo da confirmação das certificações”, afirma.

Felipe Augusto Faria, CEO do Green Building Council Brasil, destaca que os diferenciais do BOSSA evidenciam o alto nível técnico dos processos adotados e o comprometimento da incorporadora e dos parceiros envolvidos.

“Com excelência, o BOSSA traduz a proposta de valor das certificações do GBC Brasil, dialogando com diferentes públicos. A incorporadora demonstra respeito à qualidade técnica ao valorizar engenheiros e arquitetos que contribuíram com soluções inovadoras durante o desenvolvimento e a execução do projeto para o alcance das metas das certificações. Dessa forma, o BOSSA se consolida como um empreendimento disruptivo, promovendo uma relação mais humana com o comprador.”

Sustentabilidade viável com retorno comercial

O BOSSA prova que é possível conciliar sustentabilidade, sofisticação e viabilidade financeira sem aumentar os custos do projeto. Com paisagismo contemporâneo, mobiliário de alto padrão, fornecedores locais e soluções regenerativas, o empreendimento entrega eficiência e beleza com impacto ambiental reduzido. E o melhor: tudo isso sem custar mais que outros empreendimentos do mesmo padrão.

“A sustentabilidade está no básico”, explica Iago de Oliveira, sócio-fundador da Bloco Base. “Está em remover espécies invasoras, usar plantas nativas, aproveitar o conforto passivo permitido pelo nosso clima. São soluções elegantes por serem eficientes e possíveis de replicar.”

Segundo o especialista em construções sustentáveis, o BOSSA ajuda a quebrar dois mitos ainda comuns no setor: o de que a sustentabilidade exige tecnologias caras, acessíveis somente a países ricos, e o de que essas práticas tornam os projetos inviáveis financeiramente. “O mercado imobiliário está mais pronto do que se imagina para esse tipo de proposta. Sustentabilidade não precisa ser complicada e, como o BOSSA mostrou, também gera resultado comercial”, afirma.

Mais do que viável, a sustentabilidade é um diferencial competitivo e um desejo crescente entre os consumidores. Segundo uma recente pesquisa da Loft, realizada pela Offerwise no Sul e no Sudeste em junho deste ano, 29% dos compradores de imóveis estariam dispostos a pagar mais por imóveis com certificação ambiental, o que equivale a um em cada três entrevistados.

Esse novo perfil de consumo tem impulsionado mudanças reais no setor. A TM3, incorporadora responsável pelo BOSSA, por exemplo, tem outros empreendimentos em processo de certificação. “Não se trata de uma ação pontual. É uma transformação que agora faz parte do DNA da empresa”, afirma Miriam Yuri, diretora de desenvolvimento de produtos da incorporadora.

Para Iago de Oliveira, o papel de quem projeta e constrói é mostrar que ser sustentável é possível, desejável e inteligente. “A mudança acontece quando a sustentabilidade deixa de ser um fardo e passa a ser um atributo valorizado pelo mercado. É nesse momento que a lógica do projeto se transforma, e com ela, todo o impacto gerado.”

A percepção dos moradores

Para a moradora Camila Vitola, as certificações do BOSSA foram diferenciais que influenciaram na decisão de compra. “A sustentabilidade é um valor importante para nós. Ficamos surpresos e entusiasmados ao ver esse tema aplicado à construção civil.”

Ela destaca que as soluções adotadas no edifício geram benefícios concretos no dia a dia, como a redução dos custos condominiais e o aumento da qualidade de vida. “O apartamento conta com excelente iluminação natural e ventilação cruzada, proporcionadas pelas duas sacadas, valorizando muito nossa experiência como moradores.”

Camila relata ainda que, ao receber o apartamento, foi surpreendida pela iniciativa da TM3 de presentear os moradores com um medidor de qualidade do ar — algo que considerou muito positivo.

“Com o medidor, percebi na prática como a ventilação natural do apartamento é eficiente. Mesmo morando perto do centro, não sentimos os efeitos da poluição. Já vivemos todas as estações do ano aqui com conforto térmico, e a iluminação natural faz toda a diferença: deixa os ambientes mais agradáveis, reduz o consumo de energia e elimina praticamente a necessidade de ar-condicionado. É evidente que o projeto foi pensado para o bem-estar de quem vive aqui”, garante.

GBC Biodiversidaderegeneração e proteção do meio ambiente

Mais recente entre os selos conquistados pelo BOSSA, o GBC Biodiversidade reconhece projetos que promovem a regeneração ativa dos ecossistemas. Lançado com suporte técnico da Bloco Base, que também assinou o paisagismo do BOSSA, a certificação valoriza ações de preservação da fauna e flora nativas. 

O BOSSA conquistou a certificação ao utilizar exclusivamente espécies nativas, com destaque para endêmicas e ameaçadas de extinção, como a Palmeira uçara e o Butiá-da-Serra. A seleção inclui plantas frutíferas que atraem tucanos e papagaios, além de flores polinizáveis que estimulam a presença de abelhas e beija-flores. Essas escolhas favorecem a fauna local, contribuem para a regeneração vegetal por meio da dispersão de sementes e dispensam irrigação artificial, graças à adaptação das espécies ao clima da região.

“Enquanto 93% dos empreendimentos ainda utilizam plantas exóticas, o BOSSA se diferencia ao empregar somente espécies nativas, tornando suas áreas verdes agentes de restauração ecológica com impacto que vai além dos limites do terreno”, explica Iago de Oliveira.

GBC Condomínio: eficiência ambiental da obra à operação do edifício

O selo GBC Condomínio reconhece práticas que reduzem os impactos ambientais da construção civil. No BOSSA, com projeto assinado pela Nova Arquitetura, a sustentabilidade foi incorporada desde a concepção. 

Durante a construção, 99,98% dos resíduos foram reciclados, e no dia a dia dos moradores o consumo de água é reduzido em 56,8%. Além disso, o projeto eliminou a necessidade de ar-condicionado ao incorporar soluções passivas definidas por simulações avançadas. O edifício também conta com painéis solares, infraestrutura para veículos elétricos e um sistema contínuo de gestão de resíduos, incluindo a compostagem de orgânicos utilizada no próprio condomínio. 

Já a mobilidade urbana sustentável foi priorizada com a oferta de bicicletário com duas vagas por unidade — acima da média do mercado — e com a escolha de uma localização estratégica, próxima a serviços essenciais e ao transporte público.

“Com essas estratégias, aliadas ao incentivo a deslocamentos a pé ou de bicicleta e à integração com o tecido urbano, o empreendimento contribui diretamente para a descarbonização da construção civil e para a redução dos impactos ambientais ao longo de sua vida útil”, explica o consultor da Bloco Base.

GBC Life: saúde, conforto e bem-estar garantido aos moradores

Para obter a certificação GBC Life, o BOSSA priorizou ventilação natural e iluminação eficiente desde a concepção do projeto. Com base em simulações avançadas, o design arquitetônico foi orientado para garantir conforto térmico e luminosidade ao longo do ano, promovendo bem-estar e qualidade de vida nos apartamentos.

A qualidade do ar interno foi assegurada com o uso de materiais não tóxicos e a redução de 82,3% na emissão de compostos orgânicos voláteis (COVs). Além disso, cada apartamento recebeu um sensor de monitoramento que alerta os moradores quando é necessário ventilar o ambiente, incentivando uma postura ativa em relação ao próprio bem-estar. O conforto acústico também foi contemplado, com portas isoladas e persianas vedadas, garantindo um ambiente interno mais silencioso e acolhedor. 

Pensando na rotina dos moradores, o BOSSA disponibilizou ainda guias educativos sobre bem-estar, cuidados com os jardins e iluminação eficiente, além de kits com produtos de limpeza naturais, incentivando hábitos saudáveis e promovendo um ambiente acolhedor e equilibrado no dia a dia.

“O conforto ambiental não precisa depender de sistemas artificiais caros e poluentes. Quando projetamos com base em dados reais e sensibilidade humana, conseguimos entregar eficiência e bem-estar ao mesmo tempo”, destaca Iago de Oliveira.