O tarifaço do governo Trump contra os produtos brasileiros teve reação também dos empresários dos Estados Unidos. duas das mais influentes entidades empresariais dos Estados Unidos, a U.S. Chamber e da Amcham, repudiaram taxação sobre exportações brasileiras.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou, nesta terça-feira (15), a contundente manifestação das duas entidades. Em nota conjunta, as instituições norte-americanas alertam para os riscos da medida e pedem sua imediata revisão.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, classificou o apoio como estratégico e emblemático, reforçando que a reação de empresários norte-americanos demonstra que o tarifaço afeta profundamente os dois lados da relação comercial.
“A manifestação da U.S. Chamber e da Amcham deixa claro que não estamos sozinhos. Contar com a voz ativa de líderes empresariais dos Estados Unidos fortalece nossas negociações e evidencia que essa medida é danosa não só para o Brasil, mas também para as empresas e consumidores americanos”, afirmou Alban.
Segundo ele, a tarifa não apenas penaliza a indústria brasileira, com previsão de perda de mais de 110 mil empregos, como também coloca em risco cadeias produtivas e pequenas empresas dos próprios EUA, que dependem de insumos brasileiros.
Na nota, as entidades norte-americanas alertam que a imposição da tarifa, motivada por pressões políticas, pode “prejudicar gravemente uma das relações econômicas mais relevantes dos Estados Unidos”, além de estabelecer um precedente perigoso para o comércio internacional. As instituições destacam ainda que a medida elevaria custos para as famílias americanas e comprometeria a competitividade de setores estratégicos nos EUA.
Dados citados na manifestação apontam que mais de 6.500 pequenas empresas norte-americanas dependem diretamente de produtos importados do Brasil, que figura entre os dez principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
Comitiva debateu medidas contra o tarifaço
Em Brasília, nesta manhã, uma comitiva de empresários liderada pela CNI se reuniu com autoridades do governo federal no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Durante o encontro, Ricardo Alban defendeu que o Brasil priorize o diálogo e esgote todas as vias diplomáticas antes de considerar medidas de retaliação.
“É essencial mantermos um tom técnico e construtivo, não político. Defendemos que o governo americano revogue a tarifa ou, no mínimo, adie sua entrada em vigor por 90 dias, permitindo um debate mais racional e equilibrado sobre seus impactos”, reforçou Alban.
Para a CNI, o apoio público das entidades empresariais dos EUA representa um ponto de inflexão nas tratativas e evidencia a urgência de uma solução negociada. “O comércio bilateral é uma via de mão dupla — e as consequências dessa decisão serão sentidas em ambos os lados”, concluiu o presidente.