Porto de Paranaguá foto Gilson Abreu/ANP
(Porto de Paranaguá foto Gilson Abreu/AEN)

Entre janeiro e julho deste ano, o Paraná exportou US$ 13,2 bilhões (R$ 71,9 bilhões na cotação atual) de vendas para o Exterior . Com esse montante, o estado manteve a liderança na região Sul e a quinta colocação do País como maior estado exportador.

Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), organizados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Leia mais:

Soja em grão é produto mais exportado

A soja em grão continua sendo o principal produto exportado pelo Paraná e respondeu por 19,7% das vendas internacionais no período, chegando a uma receita de US$ 2,6 bilhões. Maior produtor e exportador nacional da proteína, o Paraná também comercializou US$ 2,07 bilhões em carne de frango in natura, que respondeu por 16% das exportações do Estado.

Outros destaques foram o farelo de soja (US$ 747,4 milhões), açúcar bruto (US$ 635,4 milhões), papel (US$ 470,2 milhões) e automóveis (US$ 441,1 milhões). Mais da metade (58,4%) das exportações paranaenses é composta por alimentos, que somaram uma receita de US$ 7,7 bilhões no período.

O principal destino das mercadorias paranaenses é a China, que adquiriu quase US$ 3 bilhões do Estado entre janeiro e julho. Segundo principal mercado, as exportações para a Argentina tiveram um salto de 97,1% no período, ultrapassando US$ 1 bilhão. Na sequência estão os Estados Unidos (US$ 856,9 bilhões), ainda sem o efeito das tarifas impostas a partir de agosto, México (US$ 512,3 bilhões) e Paraguai (US$ 361,2 bilhões).

Paraná bate recorde na exportação de carne suína

As exportações paranaenses de carne suína in natura totalizaram US$ 319,4 milhões nos sete primeiros meses de 2025. O valor é o maior para o período na série histórica disponível, iniciada em 1997, representando aumento de 60,3% em relação ao acumulado de janeiro a julho de 2024.

Nos últimos sete anos, as vendas de carne suína do Paraná para o mercado internacional saltaram 151%, de US$ 127,2 milhões nos primeiros sete meses de 2019 para US$ 319,4 milhões no mesmo intervalo de 2025. O aumento na receita é resultado principalmente do forte incremento de 100,9% do volume comercializado, que passou de 58,4 mil para 117,4 mil toneladas.

O Uruguai foi o destino de 17,8% das exportações estaduais de carne suína in natura, seguido por Hong Kong (17,5%), Argentina (16%), Singapura (14,4%) e Filipinas (12,8%). Essa diversidade de mercados demonstra a competividade e a qualidade da carne produzida no Estado.

Segundo o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, o crescimento das exportações é reflexo dos investimentos realizados nos últimos anos, tanto para a instalação quanto para a ampliação de frigoríficos no Paraná. “Essa expansão significativa favorece, inclusive, a geração de empregos. Dados do Ministério do Trabalho mostram que os frigoríficos de suínos mantêm cerca de 28 mil empregos formais no Estado, sem considerar o considerável número de produtores rurais envolvidos nessa cadeia produtiva”, explica.

O secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, ressalta a participação das cooperativas paranaenses no processo de expansão do setor. “Sem dúvidas, as cooperativas têm grande contribuição na posição de destaque alcançada pelos suinocultores e frigoríficos do Estado, investindo e organizando todo o complexo produtivo”, afirma.

Exportação de automóveis cresce 76,6%

Outro destaque no comércio exterior paranaense foram as exportações de automóveis, que cresceram 76,6% nos primeiros sete meses, na comparação com o mesmo período do ano anterior. As receitas do setor passaram de US$ 249,7 milhões de janeiro a julho de 2024 para US$ 441,1 milhões em 2025.

O setor automotivo foi um dos que mais tiveram aumento na produção no primeiro semestre deste ano, com ampliação de 15,4% em relação aos primeiros seis meses de 2024. Esse volume ajudou a colocar a indústria paranaense como a terceira que mais cresceu no último semestre no País, com avanço de 5,2%, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Saldo comercial da balança ficou positivo em US$ 1,2 bilhão

O Paraná teve um saldo positivo de US$ 1,2 bilhão na balança comercial no período, com as importações somando quase US$ 2 bilhões. Os principais produtos que entram no Estado são os adubos e fertilizantes, que tiveram uma receita de US$ 1,8 bilhão no período. São seguidos pelas autopeças (US$ 805,3 milhões), óleos e combustíveis (US$ 800,4 milhões), produtos químicos orgânicos (US$ 790,7 milhões) e produtos farmacêuticos (US$ 659,1 milhões).

Impacto do tarifaço de Trump

Um levantamento preliminar da Secretaria de Estado da Fazenda e pela Receita Estadual do Paraná aponta que cerca de 700 empresas no Estado têm mais de 1% de seu faturamento vindo de exportações para os Estados Unidos. Entre essas, 16 empresas se destacam, com mais de 90% de sua receita proveniente do mercado norte-americano.

O setor madeireiro é o principal responsável por essas exportações, sendo o item mais comercializado pelas empresas paranaenses para os EUA. O Paraná vende, em média, US$ 1,5 bilhão por ano em produtos aos Estados Unidos. Até julho de 2025, foram US$ 856,9 milhões.

Os principais produtos são madeira e derivados (MDF, esquadrias, portas, etc), mas nos últimos quatro anos mais de 90 grupos de produtos paranaenses alcançaram o mercado norte-americano, como máquinas, combustíveis minerais, plástico, alumínio, açúcar, café, adubos, borracha, produtos farmacêuticos, móveis, peixes, óleos vegetais, entre outros.

O Governo do Estado está adotando uma série de medidas para mitigar os impactos com o aumento das tarifas de importações impostas pelo governo norte-americano ao Brasil e que passou a valer em 6 de agosto. O Estado autorizou um pacote de R$ 300 milhões em créditos de ICMS homologados para auxiliar empresas impactadas pelas tarifas. A medida visa injetar recursos nos setores produtivos mais impactados.

O valor será concedido como crédito a empresas impactadas, liberados via Sistema de Controle da Transferência e Utilização de Créditos Acumulados (Siscred). Há um teto de R$ 10 milhões apenas para empresas que exportam menos de 10% do seu faturamento total para os Estados Unidos. As transferências serão realizadas em 12 parcelas mensais, garantindo liquidez imediata aos setores, principalmente para fluxo de caixa.

Outro apoio acontece por meio da concessão de crédito com juros abaixo do mercado e carência. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) disponibilizou um crédito emergencial inicial de R$ 200 milhões para empresas e cooperativas paranaenses exportadoras para financiamento de capital de giro, com prazo de 5 anos, sendo um ano de carência, e taxa de juros de IPCA + 4%, menor do que a maioria das linhas de crédito disponíveis. Desse montante, até o momento já foram protocolados pedidos de R$ 137 milhões para 16 empresas.