Fator R no Simples Nacional: o que é, como calcular e por que ele importa ao abrir um CNPJ

O item determina se sua empresa será tributada de acordo com o Anexo III ou o Anexo V do Simples Nacional — duas tabelas com alíquotas muito diferentes

Editado por Rodrigo Silva

Se você é um prestador de serviços e está planejando abrir um CNPJ, entender o fator R pode impactar diretamente o quanto sua empresa vai pagar de imposto. Esse é um dos pontos mais importantes para quem opta pelo Simples Nacional e trabalha em áreas como saúde, consultoria, TI, engenharia, entre outras.

O fator R determina se a sua empresa será tributada de acordo com o Anexo III ou o Anexo V do Simples Nacional — duas tabelas com alíquotas muito diferentes. Dependendo do resultado desse cálculo, a carga tributária pode variar de 6% a mais de 15%, o que influencia diretamente na lucratividade do negócio.

Neste artigo, você vai entender:

O que é o fator R e por que ele foi criado?

O fator R é um cálculo utilizado pelo Simples Nacional para definir a alíquota de imposto de empresas prestadoras de serviço. Ele compara quanto a empresa gasta com a folha de pagamento em relação ao seu faturamento bruto. O objetivo é incentivar negócios que geram empregos formais.

Ele se aplica a empresas que exercem atividades descritas nos Anexos III e V do Simples Nacional — principalmente atividades intelectuais, técnicas ou profissionais, como:

Antes do fator R, essas atividades acabavam sendo taxadas com alíquotas mais altas, mesmo quando o empreendedor tinha funcionários registrados. O fator R veio para corrigir essa distorção.

Como o fator R funciona para quem vai abrir CNPJ

Se você pretende abrir CNPJ como prestador de serviço e deseja optar pelo Simples Nacional, precisará avaliar se sua atividade está sujeita ao fator R. Caso esteja, será necessário acompanhar mensalmente o percentual da sua folha de pagamento em relação ao faturamento.

A regra é a seguinte:

Ou seja, quanto mais sua empresa investe em pessoal (CLT ou pró-labore com INSS), menor pode ser a alíquota de imposto.

Como calcular o fator R na prática

O cálculo do fator R é simples. Basta aplicar a seguinte fórmula:

Fator R = Total da folha de pagamento dos últimos 12 meses ÷ Receita bruta dos últimos 12 meses

Exemplo 1: empresa com alta folha de pagamento

Fator R = 120.000 ÷ 400.000 = 0,30 (ou 30%)

Resultado: a empresa fica no Anexo III (alíquota menor)

Exemplo 2: empresa com baixa folha

Fator R = 40.000 ÷ 300.000 = 0,13 (ou 13%)

Resultado: a empresa será tributada pelo Anexo V (alíquota maior)

Esse cálculo precisa ser feito todo mês, considerando o acumulado dos últimos 12 meses. Ou seja, o seu enquadramento pode mudar de um mês para o outro, dependendo da variação da folha e do faturamento.

Quais são os Anexos III e V do Simples Nacional?

Anexo III (para fator R ≥ 28%)

Anexo V (para fator R < 28%)

A diferença de alíquota entre os dois anexos pode mais do que dobrar o imposto a pagar. Por isso, empresas que pretendem contratar ou já têm equipe devem prestar atenção ao fator R desde a abertura do CNPJ.

Fator R considera pró-labore?

Sim, o pró-labore com INSS declarado entra no cálculo do fator R como parte da folha de pagamento. Portanto, se o sócio da empresa recebe pró-labore e contribui com INSS (padrão para Simples Nacional), isso ajuda a aumentar o fator R e pode favorecer o enquadramento no Anexo III.

Outros valores que entram no cálculo:

Importante: pagamentos feitos como distribuição de lucros não entram no fator R, pois não há incidência de INSS.

Estratégias para usar o fator R a favor do seu negócio

Se sua atividade está sujeita ao fator R, algumas estratégias podem ajudar a reduzir a carga tributária:

  1. Formalize o pró-labore: mesmo que o sócio seja o único trabalhador da empresa, definir um pró-labore e recolher INSS ajuda a melhorar o fator R.
  2. Contrate CLT quando possível: se o negócio está crescendo e você precisa de ajuda, contratar funcionários formalmente pode te colocar no Anexo III.
  3. Monitore mensalmente: um bom contador pode acompanhar mês a mês a evolução do seu fator R e orientar quando há mudança no anexo de tributação.
  4. Evite pagamentos “por fora”: pagamentos sem registro (como autônomos sem INSS) não ajudam no fator R e podem gerar problemas fiscais.

Vale a pena abrir CNPJ com atividade sujeita ao fator R?

Sim, desde que você entenda as regras e conte com orientação contábil desde o início. Muitos prestadores de serviço têm medo de abrir CNPJ por receio de pagar muito imposto — mas o fator R pode, na verdade, trazer uma vantagem competitiva, principalmente se você tiver uma estrutura enxuta, mas legalizada.

Ao abrir CNPJ como ME ou LTDA e optar pelo Simples Nacional, seu contador já pode analisar se o fator R será aplicado. Isso permite prever qual será a carga tributária mensal e ajustar o planejamento financeiro da empresa.

Conclusão

O fator R é uma peça-chave na hora de calcular os impostos de empresas prestadoras de serviços no Simples Nacional. Com ele, quem investe na contratação formal de pessoas pode ser beneficiado com alíquotas menores, garantindo mais competitividade e sustentabilidade ao negócio.

Se você está planejando abrir CNPJ ou já atua como PJ, entenda seu enquadramento, calcule corretamente o fator R e busque apoio profissional. Essa é a melhor forma de pagar menos imposto dentro da lei e fazer sua empresa crescer com segurança.