
No Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho, empresas que investem na diferença de gerações mostram a força da diversidade. Rede de franquias que unem diferentes gerações ganham força e se tornam mais resilientes, inovadoras e humanas.
Em um Brasil que envelhece rapidamente e redefine seu mercado de trabalho, as franquias multigeracionais começam a despontar como um modelo com alto potencial de crescimento. Ao unir a agilidade dos mais jovens à experiência dos profissionais 50+, essas redes ganham em performance, engajamento e conexão com públicos diversos.
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Segundo o IBGE (2024), o país já conta com 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais — número que saltará para 55 milhões em 2040, representando quase um quarto da população. Paralelamente, mais de 13 milhões de brasileiros com 50 anos ou mais seguem ativos no mercado, não apenas por necessidade, mas por escolha — impulsionados por uma nova percepção de propósito, saúde e utilidade.
Para Marcelo Cherto, fundador da Cherto Consultoria e uma das maiores autoridades em franchising do Brasil, esses dados não apenas revelam uma realidade demográfica incontornável, como indicam um caminho estratégico: o fortalecimento das franquias intergeracionais. “Esse modelo ainda não é uma tendência plenamente consolidada, mas tudo leva a crer que vai se expandir — por necessidade e por inteligência de negócio”, afirma.
Um novo pacto entre gerações
Cherto observa que o envelhecimento acelerado da população, combinado à permanência dos profissionais 50+ no mercado e à valorização da diversidade etária nas empresas, cria um terreno fértil para esse novo formato. “Hoje, aposentadoria virou um sonho distante para muitos. E mesmo quem poderia parar, escolhe seguir ativo — pela saúde física, mental e até financeira.”
Ele compartilha uma experiência pessoal simbólica: recentemente, aos 70 anos, participou de um curso na Harvard Business School. “Fui o mais velho da turma, por pelo menos 25 anos. E fui acolhido com respeito e entusiasmo. O que valia ali não era minha idade, mas minha bagagem e disposição para compartilhar”, relembra.
Essa convivência intergeracional, cada vez mais valorizada no ambiente corporativo, tem reflexos diretos nas redes de franquia. Segundo o relatório Novo Pacto Social (2024), 42% dos trabalhadores atuam em empresas que reconhecem o valor da diversidade etária, e 35% têm acesso a infraestrutura adaptada para diferentes faixas etárias.
Vantagens competitivas da diversidade etária
A inclusão de franqueados, gestores e equipes de diferentes gerações é, para Cherto, um diferencial competitivo claro. Ele elenca quatro pilares centrais:
Conexão com públicos diversos: franqueados mais velhos tendem a criar empatia com consumidores maduros, enquanto os mais jovens trazem agilidade e familiaridade com novas linguagens e canais digitais.
Transferência de conhecimento: profissionais experientes aceleram a curva de aprendizagem dos mais novos e preservam o know-how da rede.
Redução do turnover: equipes multigeracionais são mais estáveis e engajadas. “Os mais velhos valorizam pertencimento e acabam se tornando referências para os mais jovens.”
Inovação equilibrada: “A mescla da visão jovem com a sabedoria dos mais velhos gera soluções mais eficazes. Até na inteligência artificial, quem tem mais repertório redige prompts melhores e obtém respostas mais precisas.”
Desafios e caminhos de superação
Apesar dos benefícios, Cherto alerta para os desafios que acompanham o modelo: conflitos geracionais, barreiras tecnológicas e a necessidade de adaptar treinamentos e processos de onboarding.
“É preciso capacitar líderes para mediar conflitos e desenvolver escuta ativa. E, sobretudo, tratar os mais velhos com respeito — sem infantilizá-los. Poucas coisas me irritam tanto quanto ouvir ‘levanta o bracinho’ num laboratório. Velho não é criança, nem idiota”, diz, com bom humor.
A gestão eficaz de times multigeracionais exige, segundo ele, ações práticas como:
Mapeamento de perfis e expectativas de franqueados e equipes.
Capacitação de líderes e colaboradores em gestão intergeracional.
Customização de treinamentos e plataformas.
Ambientes inclusivos, com rotinas flexíveis e respeito às limitações físicas.
Estímulo ao mentoring reverso — quando jovens também ensinam, principalmente em temas digitais.
O papel das consultorias na estruturação do modelo
Cherto defende que as consultorias especializadas têm papel central na consolidação desse modelo no franchising. “Tudo começa com diagnóstico. A consultoria ajuda a entender a realidade da rede, identificar oportunidades e criar políticas e materiais adaptados a diferentes gerações”, explica.
Com o uso de IA, essas soluções se tornam escaláveis e personalizáveis — desde treinamentos até manuais e vídeos. “Uma boa consultoria ajuda a transformar diversidade etária em performance. E pode até apontar regiões com alta densidade de moradores 50+, onde esse modelo tem mais aderência.”
Dia dos Avós: um convite à reflexão
Neste 26 de julho, Dia dos Avós, o franchising brasileiro tem a oportunidade de refletir sobre o papel dos profissionais 50+ na construção de um setor mais inclusivo, humano e estratégico. “Os avós têm muito a ensinar. No franchising, isso vale para a operação, para o atendimento e para a cultura das redes. Nenhuma geração cresce sozinha”, conclui Cherto.