SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a alta acumulada de 34,4% do dólar em 12 meses, o ouro e os fundos cambiais lideraram em abril, pelo segundo mês, o ranking de aplicações da Folha de S.Paulo. O levantamento computa o desempenho no período e desconta Imposto de Renda. Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado.

O ouro teve ganho acumulado de 25,48% nos últimos 12 meses. No mês, caiu 5,9%, acompanhando a desvalorização do dólar em relação ao real. O ouro é isento de Imposto de Renda para movimentações até R$ 20 mil. Os fundos cambiais tiveram alta de 24,70% em 12 meses (após desconto de IR, que é de 17,5% na categoria). No mês, porém, também sofreram o efeito da queda do dólar e caíram 8,88%.

A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) é de 8,13% nos 12 meses encerrados em março. Para abril, a projeção é de 0,70%, de acordo com a mais recente pesquisa semanal do Banco Central com economistas (o Boletim Focus). Além do desempenho no mês, que ajuda a identificar as principais influências momentâneas sobre os investimentos, o retorno em 12 meses é considerado no levantamento como forma de avaliar o desempenho dos investimentos em um prazo maior. Manter uma aplicação por pelo menos um ano também reduz a alíquota de IR a pagar.

O fundo cambial, que costuma ter custos elevados de taxa de administração, é uma forma de proteção para pessoas com despesas programadas em dólar -como um filho que mora no exterior. Mas, fora dessa circunstância, não é recomendado por consultores como alternativa a pequenos investidores, uma vez que o preço do dólar oscila muito e as taxas de juros, que remuneram a renda fixa, estão elevadas.

Vale destacar ainda que a rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro. A pior aplicação em 12 meses foi em fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que deseja aplicar em Bolsa. No período, o ganho foi de 6,04% (após desconto de IR, que é de 15% na modalidade), abaixo até da rentabilidade da poupança -tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data-, que foi de 7,19%. No mês, os fundos de ações livres ganharam 2,18% (já sem IR), enquanto a poupança rendeu 0,61%.

DÓLAR — Para Maurício Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi, a desvalorização de 6,09% do dólar no mês teve influência da expectativa positiva em torno das negociações para o ajuste fiscal no país. “A decisão da Fitch de manter a nota de crédito do país, mesmo com a perspectiva negativa para a nota, tirou pressão do mercado. Os dados ruins da economia americana fizeram com que os investidores trabalhassem com um adiamento do aumento dos juros nos Estados Unidos”, ressalta. Caso o Fed (Federal Reserve, banco central americano) aumente os juros, os investidores poderiam retirar o dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros. Com a perspectiva de maior saída de dólares na economia brasileira, a cotação da moeda sobe.

Para Nakahodo, com o adiamento do aumento de juros já no preço do dólar, agora os investidores se voltam para preocupações domésticas. “A votação das medidas fiscais e das mudanças em direitos trabalhistas e previdenciários nas próximas semanas pode levar a alguma valorização do real frente ao dólar, caso as alterações sejam aprovadas”, destaca.

BOLSA — Após registrar baixa em março, a Bolsa voltou a fechar um mês no azul, após subir 9,9% em abril. Em 12 meses, o avanço foi de 8,92%. O otimismo com a implementação dos ajustes fiscais e um alívio no cenário externo ajudam a explicar a recuperação da Bolsa neste mês. “Existe uma expectativa de crescimento da economia americana neste ano, e a Europa finalmente deve esboçar uma reação à crise, ainda que lenta, o que ajuda a animar os mercados no mundo”, avalia Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.

Em relação ao cenário doméstico, a manutenção da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch minimizou a possibilidade de um rebaixamento do país por outras agências e contribuiu para a alta da Bolsa no mês. A avaliação é que o governo brasileiro ganhou um voto de confiança para poder implementar os ajustes fiscais, necessários para impulsionar novamente a economia brasileira. A publicação do balanço auditado da Petrobras também contribuiu para retirar mais uma incerteza que pressionava a Bolsa.

As ações mais negociadas da petrolífera fecharam o mês com alta de 34,1%. Em 12 meses, a queda é de 21,24%. Já as ordinárias -com direito a voto- tiveram ganho de 48,75% em abril e registram desvalorização de 8,8% em 12 meses. Agora, os investidores ficarão atentos à decisão da Moody’s sobre a nota de crédito do Brasil. Em março, a Standard & Poor’s decidiu manter o selo de bom pagador do país.

OURO — A alta do ouro em 12 meses se deve à valorização do dólar no Brasil e também ao aumento dos preços da commodity no exterior. Para investir em ouro, é possível comprar contratos negociados na BM&FBovespa, que são padronizados em 250 gramas. O grama hoje está R$ 115,5. Quem quiser comprar uma barra terá de desembolsar R$ 28.875. Há corretoras, porém, que oferecem contratos com quantidades menores do metal. O metal é considerado uma opção segura de investimento e, por isso, é mais procurado em momentos de instabilidade no mercado financeiro, como o atual.

RENDA FIXA — O aumento do juro básico (Selic) vem favorecendo os fundos de renda fixa, que tiveram valorização de 10,08% em 12 meses (após o desconto de IR), e os fundos DI, com ganho de 9,54% (após IR) no período. No mês, as altas foram de 0,87% e 0,67%, respectivamente. Esses produtos aplicam em títulos cuja remuneração acompanha a tendência do juro básico, ou que estão atrelados à própria Selic.