RAQUEL LANDIM

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O impacto da greve nacional dos caminhoneiros, que completa três dias nesta quarta-feira (23), já prejudicou a produção de 17 fábricas de carros e caminhões, conforme balanço da Anfavea, entidade que reúne as montadoras, obtido pela reportagem. No Paraná, quatro montadoras já suspenderam a produção: a Renault e a Volkswagen, em São José dos Pinhais, a Volvo, em Curitiba, e a DAF Caminhões, em Ponta Grossa.

Hoje (23) já parou a Renault por falta de peças, o dia inteiro. Ontem já faltaram peças e a produção foi prejudicada. Só volta a trabalhar quando normatizar o transporte.  Na Volvo, ontem o segundo turno parou por falta de peças – foram todos para casa. e a produção está zerada. 

Na Volvo, hoje, o primeiro turno foi trabalhar, atuou até hora do almoço, quando acabaram as peças. Dispensados, metalúrgicos foram para casa e aguardam informe da montadora sobre possiblidade de retornar produção. Diretoria da Volvo vai informar nesta quinta cedo se terá ou não produção no primeiro turno.  As informações são do Sindicato dos Metalúrgicos. 

Desde terça-feira (22), já vinham paralisadas as plantas da Ford, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e da General Motors, em Gravataí (RS) e São Caetano (SP). Com a continuidade da greve, no entanto, o problema se agravou muito. Nesta quarta-feira (23), mais 11 fábricas pararam pelo menos um turno.

São elas:  Betim (MG), da Fiat, Porto Real (RJ), da PSA Peugeot Citroen, São Bernardo (SP) da Ford, Ponta Grossa (PR), da DAF Caminhões, Piracicaba (SP), da Caterpillar, Curitiba (PR), da Volvo, São José dos Campos (SP), da General Motors, além de quatro plantas da Volkswagen –São Bernardo do Campo (SP), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (SP) e Taubaté (SP).

A fábrica da Honda em Sumaré (SP) também deve interromper as atividades nesta quinta-feira (24). "Se a situação não se resolver nos próximos dois dias, teremos praticamente todo o setor paralisado", diz Antônio Megale, presidente da Anfavea.

O executivo ainda não sabe precisar qual será o tamanho do prejuízo provocado pela greve, mas acredita que tem potencial para reduzir não só a produção mensal de veículos, mas também as vendas internas e as exportações. Há relatos de milhares de carros que não conseguem chegar aos portos.

O setor automotivo, que representa 4% do PIB e 20% da indústria, é extremamente dependente do transporte por caminhões não só para o recebimento de peças para as linhas de montagem, mas também para o desembaraço de carros e caminhões prontos para as concessionárias e para a exportação.

A maior parte das montadoras de veículos está paralisada por falta de peças, mas também já ocorre um efeito em cascata. Fábricas de motores e transmissões -como Taubaté (SP), da Ford, ou São Carlos (SP) da General Motors- também acabam parando porque não conseguem entregar o que produzem.

Os caminhoneiros estão em greve por conta do reajuste do preço do óleo diesel, que passou a subir com vigor após à guinada das cotações do petróleo no mercado internacional e a mudança na política de preços da Petrobras, que deixou de absorver o impacto após os prejuízos que sofreu no governo Dilma.