
O Paraná vem se consolidando como um dos principais polos de crescimento da indústria calçadista no Brasil. Nos últimos cinco anos, o Estado tem registrado alta constante na produção, e em 2025 mantém a tendência positiva. O foco da indústria está na fabricação de calçados de proteção, como botas e sapatos reforçados voltados a trabalhadores que atuam em ambientes que exigem segurança.
Cerca de 85% dos calçados são feitos de couro, material mais resistente e durável. Os demais são produzidos com plásticos ou borracha (15%) e tecidos (1%). Em 2024, o Paraná produziu cerca de 12,6 milhões de pares de calçados, número 6% maior que em 2023 e 22% acima do período pré-pandemia. O setor movimentou R$ 682 milhões no ano passado, impulsionando a economia regional e reforçando o protagonismo do Estado no mercado nacional.
Mais de 40 cidades envolvidas na produção
Atualmente, o Paraná ocupa a 9ª posição entre os maiores produtores de calçados do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O setor está presente em mais de 40 municípios paranaenses, com 113 empresas ativas e 4,2 mil empregos diretos, segundo dados da Invest Paraná.
Uma dessas empresas é a Calfor, multinacional com sede em Curitiba, que vai aproveitar os bons ventos para incrementar sua estrutura em 2025, sempre de olho no setor de equipamentos de proteção. “Esse é o ano de maior investimento da história da Calfor. Serão alocados cerca de US$ 8 milhões em um novo centro de distribuição, para maior capacidade de armazenamento, além de investimento em novas tecnologias de produção: maquinários, matrizes e modelos”, explicou Luciano Simas, diretor-comercial da Calfor Brasil.
O objetivo deste aporte é oferecer ao mercado nacional os mesmos produtos disponíveis na Europa, em relação a botas profissionais de segurança. Mesmo com o mercado aquecido, a empresa – que hoje produz em torno de 1,5 milhão de pares de calçados por ano – não prevê um ano fácil, mas sim cercado de expectativas.
Agro e construção civil
Uma das maiores empresas do ramo no Paraná, a Calçados Beira Lago, com sede em Pato Bragado, no Oeste do Paraná, tem uma relação estreita com o mercado do agronegócio, produzindo produtos voltados para a proteção do trabalhador rural. Em torno de 95% do que sai da fábrica é direcionado para o campo.
O foco nesse nicho vem dando retorno, como explicou o sócio-proprietário da Beira Lago, Isair Antônio Gasparin. “A indústria do calçado vem mantendo um crescimento e essa tendência vem seguindo em 2025. Nossa indústria cresce em torno de 15% a 20% ao ano. Mas enfrentamos problemas que acredito que sejam de quase todas as indústrias do Brasil: a dificuldade com a mão de obra em uma cidade pequena”, falou.
A falta de material humano tem impacto direto na evolução dos números e também na decisão de investir na ampliação do negócio. “Podíamos estar crescendo até mais, se tivéssemos mão de obra. A indústria calçadista é de muita manufatura, não tem máquina que substitua, então dependemos muito de pessoal. Por isso, nosso crescimento é gradativo”, complementou.
Além do agro, a construção civil e outras áreas que demandam calçados de proteção estão entre as atendidas pela empresa, que se orgulha da relação de confiança com os clientes. E acaba tendo nela uma arma para garantir uma curva de crescimento contínua. “A Beira Lago cresceu nesses anos porque sempre prezou pelo prazo de entrega, pela fidelidade do cliente, pelo atendimento. Então, a gente prefere atender bem aos clientes do que expandir demais e perder essa característica”, disse Gasparin.
Atualmente, a empresa produz cerca de 330 mil pares de calçados anualmente – cerca de 10% dos itens são exportados para o Paraguai.