Mercado de usados virou opção com escalada da inflação (Valquir Aureliano)

A alta da inflação e a queda na renda das famílias levou a uma redução na produção e venda de móveis e eletrodomésticos e impulsionou a procura por usados. Em abril deste ano, a queda nas vendas foi de 6,7% em relação ao mesmo mês de 2021. E a produção caiu 14,8% entre julho deste ano e julho do ano passado. A inflação acumulada no ano está pouco abaixo de 5%, mas chegou a mais de 10% no ano passado.

Já o setor de eletrodomésticos de linha branca, como fogões e geladeiras, começou o ano em baixa. Em 2021, de acordo com o IBGE, foi registrado o primeiro resultado negativo desde 2016: 94 milhões de aparelhos vendidos para o varejo, ou 7,2% a menos que em 2020. Nos primeiros três meses deste ano, a produção caiu 25% no país, em função da baixa procura. Em abril, a queda nas vendas foi de 10% em relação a abril do ano passado.

Foto: Valquir Aureliano


O cenário econômico tem impulsionado a procura por geladeiras e fogões usados, diz Jhonathas Vieira, sócio da Marte Móveis, loja de usados no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. “O que eu vendo muito, e tenho uma boa margem de lucro, é fogão. O fogão mais barato, novo, custa em torno de R$ 700. Eu vendo esse mesmo fogão por R$ 230, funcionando perfeitamente. E mesmo assim consigo uma margem de 100%”, diz o comerciante.

Para manter a margem de lucro, Vieira compra todos os móveis e eletrodomésticos de pessoas que se mudam para outros locais. “Tem muita gente que prefere vender quando vai se mudar. Ela perde um pouco de dinheiro, mas ganha mais do que se fosse vender para uma pessoa. Muitas vezes eu não tenho nem coragem de dar um preço, peço para a pessoa fazer seu preço e faço uma contraproposta”. A Marte atende pelo WhatsApp (41) 98803-1294.

Segundo Vieira, agosto foi o melhor do ano para quem vende móveis e eletrodomésticos usados. “Estou em uma rua boa para o comércio, mas diminuiu de outubro para cá. Como estou em um bairro popular, as pessoas procuram mais os móveis usados. Mesmo que dê uma queda, o faturamento não fica tão ruim e a margem de lucro também é boa. Acho que teve uma queda na procura pelos produtos novos por causa da falta de dinheiro”.

Riachuelo
Proprietário da Aquarela Móveis, na Rua Riachuelo, principal polo de venda de móveis usados em Curitiba, Jonatan de Castro diz que a maior procura é por guarda-roupas e roupeiros. “

Principal polo de venda de móveis usados em Curitiba, a Rua Riachuelo, no centro de Curitiba, vem sofrendo com a alta dos aluguéis e a concorrência com plataformas como a OLX, diz Jonatan de Castro, proprietário de uma loja no local. “A gente vende muito guarda-roupas. Mas geladeiras e fogões também saem bastante”, afirma.

Castro confirma que, depois de uma aquecida nos seis primeiros meses, as vendas começaram a cair no segundo semestre. “Até junho deu uma aquecida legal no comércio, mas de junho para cá está caindo cada vez mais. No mês passado o movimento foi feio. A margem de lucro também já foi melhor”, diz. “E está mais complicado para compra, porque muitas pessoas preferem anunciar na OLX”.

Há 15 anos na Rua Riachuelo, Castro diz que o custo dos aluguéis e a concorrência com plataformas de venda com a OLX têm afastado os comerciantes da tradicional rua no Centro da cidade. “Hoje tem pouco comércio de móveis usados no Centro. Não compensa, o aluguel é muito caro”. Castro faz orçamentos pelo WhatsApp (41) 3223-3941.