Os mercadinhos ou mercados de bairro predominam no setor mercadista. Em Curitiba, essas empresas de menor porte respondem por quase nove entre cada estabelecimentos do segmento, um número que vem crescendo ao longo dos últimos anos, bem como a quantidade de supermercados na cidade. Por outro lado, as lojas maiores, os chamados hipermercados, parecem estar perdendo espaço no dia a dia dos curitibanos.
É o que revela um levantamento exclusivo, feito pelo Bem Paraná com base em dados do Painel Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. De acordo com as estatísticas oficiais, entre maio de 2022 e setembro de 2025 o número de hipermercados, supermercados e minimercados na cidade cresceu 3,1%, passando de 3.287 para 3.387. Enquanto as lojas maiores tiveram retração, no entanto, os supermercados e minimercados se sobressaíram.
Há três anos, 170 hipermercados estavam ativos na cidade, respondendo por 5,2% do total de empresas do setor mercadista na Capital. Hoje, já são 142 hipermercados (, o que aponta para uma redução de 16,5%.
Os minimercados, por sua vez, passaram de 2.844 para 2.937 no período, uma alta de 3,3%. Se antes respondiam por 86,6%, hoje já somam 86,7% das empresas no setor.
O crescimento mais expressivo, contudo, foi no número de supermercados: de 270 para 308. Uma alta de 14,1%, que faz esses estabelecimentos responderam hoje por 9,1% das empresas mercadistas (antes esse porcentual era de 8,2%).
Competindo com gigantes: “Mercado de bairro tem que atender a preferência do cliente”
Aos 41 anos, Thiago Gelenski é o proprietário de um dos quase 3 mil minimercados de Curitiba. Trata-se da Pocket Express, localizada na Rua André de Barros, no Centro de Curitiba, próximo do terminal do Guadalupe. A loja foi aberta há mais ou menos sete anos, quando o empresário decidiu mudar o lado do balcão em que ficava.
“Eu era fornecedor, atendia vários supermercados, mercados, conveniências. Daí eu acabei comprando esta loja e mudei o lado do balcão, vim para trás do balcão. Tem os altos e baixos do negócio, muita coisa mudou com a pandemia. Não é fácil, é corrido: todo dia trabalhando das 7h30 até 20h30, 21 horas. Mas para mim foi muito bom”, comenta ele.
Para sobreviver, a loja passou por adaptações ao longo dos anos, sempre buscando atender as preferência do cliente. “Eu vendo aqui muito refrigerante. Também tem uma galera mais jovem, busca mais chocolate, doce. Eu não tenho cliente que faz compra de suoermercado, é mais uma compra de manutenção ao longo do mês. Então preciso de uma salsicha aqi, uma Coca-Cola, um chocolate, um creme de leite para fazer uma sobremesa… A gente é loja de bairro”, destaca.
Além disso, ele explica que hipermercados e supermercados focam muito na venda de produtos da cesta básica, como óleo, arroz, açúcar e trigo. “Essas coisas eles vendem muito, eles ganham muito no preço”. Mas em itens do dia a dia, os mercados menores já conseguem competir e, não raro, até oferecer um melhor preço ao consumidor. “Parte de frios, eu devo vender uns 15, 20% mais barato do que o hipermercado. Ganhamos nessa parte, nesses itens de conveniência, que temos preço bem melhor que mercado de rede aí.”
Mais de 160 mercadinhos abertos por dia no Brasil
Além dos dados do Mapa de Empresas, um levantamento feito pelo Sebrae revela que, somente no primeiro semestre deste ano, foram abertos mais de 160 minimercados, mercadinhos, mercearis, armazéns ou bodegas pelo país. Ao todo, mais de 29 mil pequenos negócios surgiram, com quase sete novas lojas a cada hora.
Um dos fatores que impulsionam esse avanço é a geração de empregos e de renda no país, em que micro e pequenas empresas respondem por mais de 60% das contratações. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento na abertura de empresas foi 8,5% superior (27,1 mil em 2024).
A analista de Competitividade do Sebrae, Jane Blandina da Costa, avalia positivamente o momento de expansão do setor. “Mostra que os brasileiros estão aproveitando esse cenário econômico e o nível de emprego para empreender. Os negócios de bairro são fundamentais porque movimentam a economia local, geram renda complementar para as famílias e aproximam o consumidor de soluções rápidas e acessíveis”, analisa.
Setor mercadista…
… Em Curitiba
2025
Hipermercados: 142 (4,2%)
Supermercados: 308 (9,1%)
Minimercados: 2.937 (86,7%)
Total: 3.387 (100%
2022
Hipermercados: 170 (5,2%)
Supermercados: 270 (8,2%)
Minimercados: 2.844 (86,6%)
Total: 3.284 (100%)
Variação 25 x 22
Hipermercados: -16,5%
Supermercados: +14,1%
Minimercados: +3,3%
Total: +3,1%
… no Paraná
2025
Hipermercados: 810 (2,8%)
Supermercados: 4.138 (14,4%)
Minimercados: 23.853 (82,8%)
Total: 28.801
2022
Hipermercados: 1.047 (3,6%)
Supermercados: 4.002 (13,8%)
Minimercados: 23.915 (82,6%)
Total: 28.964
Variação 25 x 22
Hipermercados: -22,6%
Supermercados: +3,4%
Minimercados: -0,3%
Total: -0,6%