Economia Taxa de juros

Mercado prevê que Selic volte ao patamar de 2023 e seja elevada para 13,25%

Nesta terça começa a primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária do Banco Central e com a certeza de que a taxa de juros terá alta de um ponto

Redação Bem Paraná
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Banco Central: Reunião do Copom começa hoje Foto: Marcelo Casall Jr / Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia nesta terça-feira (28) a primeira reunião do ano para tratar da taxa de juros. Na estimativa do mercado, a taxa de juros deve ter alta de um ponto, e subir de 12,25% para 13,25%. O próprio BC já estimava que deveria aumentar a Selic nas próximas reuniões dentro deste patamar. A última vez que a Selic foi a 13,25% foi em 2023.

A alta do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o BC aumentar o ritmo de subida dos juros na última reunião de 2024, em dezembro de 2024. Esse foi o terceiro aumento seguido da Selic e a alta consolida um ciclo de contração na política monetária. A taxa retornou ao nível de dezembro de 2023, quando estava em 12,25% ao ano.

Após passar um ano em 13,75% ao ano – entre agosto de 2022 e agosto de 2023 – a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto entre agosto de 2023 e maio de 2024. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto, e novembro, quando aumentou 0,5 ponto.

Ainda no final de 2024, o órgão informou que elevaria a taxa Selic em um ponto percentual nas próximas duas reuniões deste ano, caso os cenários se confirmem.

Para o fim de 2025, a estimativa é que a taxa básica suba para 15% ao ano. Para 2026, 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida para 12,5% ao ano, 10,38% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

Sem emoções

A princípio, segundo o especialista em Mercado Financeiro da FIPECAFI, Hudson Bessa, este encontro será sem muitas emoções, diante que em sua última reunião, o Comitê indicou dois aumentos consecutivos de 1 p.p. para este mês e o seguinte. Mesmo assim, ele também alerta sobre os efeitos do “Trumponomics”.

Além das questões internas da economia, o especialista alerta para os efeitos da nova gestão do americano Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Nomeado como “Trumponomics”, o especialista diz que isso deve, no médio prazo, tornar o dólar mais caro no mundo e manter a taxa de juros elevada por mais tempo nos EUA, o que pode depreciar ainda mais o câmbio no Brasil e ter efeitos sobre a inflação. Adicionalmente, juros mais altos no mercado americano são sinônimo de piso mais elevado para Selic.

De qualquer forma, a decisão do Copom vai desagradar os setores produtivos, que já reclamavam da taxa alta nos últimos anos. O governo também tem criticado a manutenção da Selic no patamar alto.
Para estes agentes, a Selic alta deixa o crédito caro e dificulta os investimentos na cadeia produtiva nacional.

Altas e baixas

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. Mas a atividade econômica, de acordo com o BC, tem surpreendido e apresentado notável resiliência.