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Andaimes, construção civil (Divulgação)

Um setor conhecido pelo conservadorismo corre para se reinventar. Com a pressão de reduzir custos e aumentar a eficiência, a construção civil avança rumo à digitalização e à industrialização de estruturas temporárias.

Imagine um canteiro em que robôs montam estruturas temporárias com precisão milimétrica, impressoras 3D erguem paredes em poucas horas e sensores digitais avisam quando liberar a próxima etapa da obra. Essa cena, que parece futurista, já é realidade em parte da Europa e pode se consolidar no Brasil.

Por aqui, o setor ainda caminha nesse processo. Como observa Alexandre Pandolfo, head de Operações da ABRASFE (Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso), a construção civil é um dos segmentos mais conservadores do país, perdendo apenas para a agricultura em atraso digital. Mas a pressão por produtividade e a falta de mão de obra qualificada vêm acelerando a adoção de novas tecnologias. Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que 82% das construtoras relatam dificuldade em contratar trabalhadores técnicos; e a disputa por esses profissionais os torna mais caros.

Nesse cenário, a trajetória dos andaimes de acesso e escoramento que são essenciais para sustentar lajes e vigas enquanto o concreto endurece também reflete a transformação no setor. Desde a madeira, que reinou nos canteiros por muitas décadas, até o metal, que trouxe padronização e segurança, passando pela modularidade, digitalização e um futuro que inclui robôs e inteligência artificial, a evolução dessas estruturas ilustra a reinvenção do setor.

Da madeira ao metal: a virada que mudou tudo

Os andaimes de acesso e escoramentos nem sempre aparecem nas fotos de inauguração de edificações, mas sem eles, nada seria erguido. No Brasil, por muitos anos, a madeira foi o material preferido para esse suporte, por ser abundante e inicialmente barata. Embora ainda seja usada em muitos canteiros, suas limitações como menor durabilidade, maior geração de resíduos e a necessidade de carpintaria especializada abriram espaço para opções mais eficientes.

No fim dos anos 1960, a introdução de aço e alumínio trouxe para os andaimes de acesso e escoramentos mais resistência, possibilidade de reaproveitamento e montagem padronizada, reduzindo riscos e acelerando prazos. Essa mudança se mostrou ainda mais necessária durante grandes obras de infraestrutura das décadas seguintes, como a Usina Hidrelétrica Itaipu (1974–1984) e o Gasoduto Bolívia-Brasil (a partir de 1997), que exigiram materiais mais resistentes.

A transição da madeira para o metal esteve alinhada com a tendência global de substituir materiais de curta vida útil por opções mais racionais e duráveis. Como menciona Pandolfo, o uso de alumínio reciclável e aço galvanizado se tornou quase obrigatório para equilibrar produtividade e sustentabilidade. No Brasil, empresas de diferentes portes seguiram esse caminho, entre elas a ORPEC – Andaimes, Formas e Escoramentos.

Modularidade e produtividade: o próximo passo

Nos anos 2000 e 2010, a construção civil passou por um processo de industrialização que também atingiu os andaimes de acesso e escoramentos. A lógica deixou de ser artesanal e ganhou padrões: andaimes multidirecionais, torres de grande capacidade e sistemas pesados se tornaram comuns em obras industriais e de infraestrutura.

Foi também nesse período que as normas técnicas se consolidaram, trazendo mais segurança e previsibilidade ao canteiro. Na sequência, a pressão por prazos curtos e a escassez de mão de obra qualificada abriram espaço para os sistemas modulares.
Com montagem rápida e encaixes intuitivos, eles reduziram a dependência de grandes equipes e ampliaram a vida útil dos equipamentos.

Segundo Julio Mouro, diretor de operações da ORPEC, esse avanço mudou o lugar dos andaimes de acesso e escoramentos dentro da obra: “Quando essas estruturas se tornaram mais leves e modulares, a produtividade disparou. Com isso, esses equipamentos deixaram de ser um item secundário para se tornar a espinha dorsal de qualquer cronograma” Ele comenta que a ORPEC, que já havia participado dessa transição para estruturas mais complexas, também passou a investir em soluções modulares como caminho para sustentar a produtividade de seus clientes. Esse processo culminou no lançamento do Alupec, em agosto de 2025: produzido em alumínio e aço, o sistema combina leveza, durabilidade e rapidez de montagem, além de reduzir o uso de madeira.

O canteiro digitalizado

Se o século XX foi marcado por uma evolução nos materiais da madeira ao aço, da peça artesanal ao sistema modular, a nova era é sobre digitalização. Apesar de a construção civil ainda ser um dos setores menos automatizados do mundo, como lembra Pandolfo, muitas empresas estão buscando se adaptar ao novo cenário: “Com os preços da mão de obra em alta, adotar processos digitais virou questão de sobrevivência”, lembra Pandolfo. Nesse contexto, tecnologias como BIM (Modelagem da Informação da Construção), que cria maquetes digitais detalhadas das obras, juntam-se a drones de monitoramento, sensores de carga e aplicativos de gestão em tempo real.

Essa transformação digital não se limita ao planejamento ou controle de insumos, mas também se estende às estruturas temporárias que sustentam as obras. Os andaimes de acesso e escoramentos, anteriormente vistos apenas como um apoio físico, agora são parte integrante do ambiente de dados da construção.

Um futuro não tão distante

Enquanto o setor nacional avança na modularidade e digitalização, outros países experimentam tecnologias que parecem saídas de ficção científica. Robôs que montam andaimes de acesso e escoramentos já estão em uso em obras industriais na Europa, reduzindo riscos de acidentes e acelerando cronogramas. Ao mesmo tempo, impressoras 3D construíram casas completas em países como Chile e Itália, mostrando que a construção pode ser reinventada, do alicerce às paredes.

Para Julio Mouro, da ORPEC, o impacto dessas tendências já é visível: “O futuro não está tão longe. A cada inovação, seja um material mais leve, um aplicativo de gestão ou um robô em testes, está claro que a construção civil não vai regredir. Os andaimes e escoramentos são parte dessa transformação e mostram como os bastidores da obra estão sendo transformados.”

ORPEC – 60 anos de soluções no Brasil

Poucas empresas passaram por tantas fases da evolução dos andaimes de acesso e escoramentos quanto a ORPEC. Fundada em 1965, quando a madeira ainda dominava os canteiros, a empresa foi uma das pioneiras em adotar estruturas metálicas, diversificando seu portfólio para atender a diferentes ramos da construção civil. Hoje, oferece uma gama de soluções que vão desde escoramentos leves e pesados até torres multidirecionais, andaimes fachadeiros e sistemas modulares em alumínio.