Presidente do BC diz que governo está criando as condições para cortar juros

Folhapress

EDUARDO CUCOLO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em sua primeira entrevista após a assumir a presidência do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn afirmou nesta terça-feira (28) que o governo está criando as condições para que seja possível reduzir a taxa básica de juros.
Goldfajn afirmou que as mudanças propostas pelo governo na economia, o que inclui medidas fiscais, podem contribuir para uma queda mais rápida da inflação.
“Estamos criando condições para a redução da taxa de juros. Todos nós esperamos que as condições se apresentem para a flexibilização das condições monetárias”, afirmou Ilan no início da apresentação do Relatório Trimestral de Inflação de junho.
“Tem um consenso de que tem de ter as condições necessárias e que temos de fazer de forma responsável.”
Sobre o compromisso do BC com a meta de inflação, Ilan afirmou que a instituição tem condições de colocar o IPCA em 4,5% no final de 2017 e que não há necessidade de se ajustar essa meta.
“Para deixar bem claro: a meta de 4,5% em 2017 é o nosso objetivo”, afirmou. “Estamos com expectativa em torno da meta para 2017. Alguns analistas acreditam que pode ser um pouco acima disso. Mesmo nesse caso, a magnitude do desvio não justifica a necessidade de se adotar meta ajustada.”
No relatório divulgado nesta terça-feira, o BC projeta que, mantidos a taxa de juros nos atuais em 14,25% ao ano e o dólar a R$ 3,45, a inflação fica em 6,9% neste ano e em 4,7% no final do próximo.
Se a instituição, por outro lado, optar por cortar os juros neste ano, como espera parte do mercado financeiro, a inflação ficaria em 7% em 2016 e 5,5% no final de 2017, segundo as projeções do BC.
Ao comentar a diferença entre os 5,5% e a meta, Ilan disse acreditar que podem ser criadas as condições para a queda dessa projeção no futuro.
“Estamos no início de ajustes na economia que, se encaminhados e aprovados, têm todo potencial de continuar reduzindo as incertezas na economia, com queda do risco Brasil e melhora na confiança”, afirmou.
“Na medida em que a incerteza caia, o risco-país diminua e a confiança volte, tenho convicção de que as projeções do BC tendem a cair. Nesse caso, o processo de desinflação em direção ao centro da meta ocorre mais rápido e com menos custo.”
Sobre o cenário externo, o presidente do BC afirmou que a iminente saída do Reino Unido do bloco político e econômico da União Europeia deve reduzir de alguma forma o crescimento global, o que pode influenciar o crescimento também do Brasil.
“Acredito que os impactos de curto prazo [do Brexit] estão sendo contidos. Temos de observar os impactos de médio e longo prazo. Ainda não estão totalmente mapeadas as consequências para o futuro.”