Previsão de inflação para 2025 cai pela 10ª vez, mas ainda está acima da meta do Banco Central

Estimativa para o PIB é 2,23% este ano

Agência Brasil
Contas: inflação

Contas (Crédito: Divulgação/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A estimativa do mercado financeiro para a inflação oficial do Brasil teve uma nova redução. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (4) pelo Banco Central, a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) passou de 5,09% para 5,07% em 2025. Esta é a décima queda consecutiva nas previsões de inflação.

Apesar da melhora, a nova estimativa segue acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3% ao ano, com tolerância de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, o limite máximo é 4,5%.

Projeções futuras

Para os anos seguintes, o mercado financeiro aposta em uma inflação mais próxima do centro da meta. A previsão para 2026 caiu levemente, de 4,44% para 4,43%. Já para 2027 e 2028, as estimativas são de 4% e 3,8%, respectivamente.

A divulgação semanal do Boletim Focus é uma das principais referências para acompanhar a percepção do mercado sobre a economia brasileira, incluindo inflação, crescimento do PIB, taxa de juros e câmbio.

Em junho, mesmo pressionada pela energia elétrica, a inflação oficial – divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – perdeu força e fechou em 0,24%, marcada pela primeira queda no preço dos alimentos depois de nove meses. Apesar da desaceleração nos últimos meses, o índice acumulado em 12 meses alcançou 5,35%, ficando pelo sexto mês seguido acima do teto da meta de até 4,5%.

Esse período de seis meses acima de 4,5% configura estouro da meta pelo novo regime adotado em 2024 . Cada vez que isso acontece, o presidente do BC tem que divulgar, por meio de carta aberta ao ministro da Fazenda, que preside o CMN, a descrição detalhada das causas do descumprimento, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O recuo da inflação e o início da desaceleração da economia fizeram o colegiado interromper o ciclo de aumento de juros na última reunião, na semana passada, após sete altas seguidas na Selic.

Em comunicado, o Copom informou que a política comercial dos Estados Unidos aumentou as incertezas em relação aos preços. A autoridade monetária informou que, por enquanto, pretende manter os juros básicos, mas não descartou a possibilidade de voltar a elevar a Selic caso seja necessário.

estimativa dos analistas é que a taxa básica encerre 2025 nos 15% ao anoPara o fim de 2026, a expectativa é que a Selic caia para 12,5% ao ano. Para 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida novamente para 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando a taxa Selic é reduzida a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

estimativa das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano permaneceu em 2,23% nesta edição do Boletim Focus. Para 2026, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país) passou de 1,89% para 1,88%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 1,95% e 2%, respectivamente.

Puxada pela agropecuária no primeiro trimestre de 2025, a economia brasileira cresceu 1,4%, de acordo com o IBGE. Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021 quando o PIB alcançou 4,8%.

previsão da cotação do dólar está em R$ 5,60 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,70.