Procura por blindagem automotiva está em alta em Curitiba

Na cidade, procura pelo serviço de proteção cresceu 40% neste ano, ou seja, em apenas seis meses

Ana Ehlert

A crescente sensação de insegurança, presente em todas as grandes cidade, tem feito a população investir em proteção pessoal, como a blindagem automotiva. Em Curitiba, a procura pelo serviço cresceu 40% neste ano, segundo empresas especializadas do segmento. 

Os dados coincidem com o aumento da criminalidade na cidade. Há uma relação direta do aumento da violência com a procura pelo serviço de blindagem . Em abril, o tiroteio ocorrido no Restaurante Madero do Cabral rendeu três clientes no dia seguinte ao ocorrido, afirma Fernando Okamoto, diretor da LAF Blindados, uma das únicas fabricantes de blindados do Paraná e Santa Catarina. Já no dia seguinte ao do assalto da Joalheria Begerson, meu telefone não parou de tocar, conta.

De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR), somente em março de 2016 as mortes violentas aumentaram 35% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) aumentaram 24% em Curitiba durante 2015 com relação ao ano anterior. Esses índices fomentam o ranking onde a capital paranaense aparece como uma das 50 cidades mais violentas do mundo com mais de 300 mil habitantes, de acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal.


Previsão é de avanço de 60% do setor neste ano

Em 2015, cerca de 200 carros foram blindados em Curitiba, um recorde. Segundo o diretor da LAF Blindados, Fernando Okamoto, o perfil do público que recorre a blindagem tem mudado. Antes eram apenas grandes empresários, agora a classe média está recorrendo à proteção. Uma prova disso está no valor dos carros. Antes, eles tinham valor a partir de R$ 200 mil. Hoje, os carros mais comuns são o Corolla e SUVs, que saem a partir de R$ 80 mil, conta.

A blindagem nível III-A, que é a que a LAF trabalha, é a mais segura autorizada pelo Exército Brasileiro para civis. O custo inicial é de R$ 38 mil — custo médio para blindar um picape pequena, como por exemplo, uma saveiro ou strada. Esse valor varia de acordo com o tipo de carro, quanto maior for o veículo, maior o custo. Okamoto explica que o nível III-A suporta um tiro de uma magnum calibre 44.

A previsão de Okamoto é de outro recorde em 2016, com incremento de 60% na procura pelo serviço comparado a 2015. O Brasil lidera o ranking mundial de blindagem automotiva, com cerca de 20 mil carros em 2015 e previsão de aumento para este ano. E Curitiba segue essa tendência, avalia. Na unidade que funciona no bairro Boqueirão, a média mensal atual é de 20 carros, contra uma média mensal de 12 carros registrados em 2015.
Pelos altos índices de violência urbana, as pessoas preferem ter a tranquilidade de colocar suas famílias dentro de um ambiente seguro, às vezes comprando um carro com um valor menor para poder investir em blindagem, diz Okamoto.


Rápida

Relembre os casos citados por Fernando Okamoto, diretor da LAF Blindados

Restaurante Madero — No dia 3 de abril deste ano, três homens armados invadiram o restaurante Madero que fica localizado no bairro Cabral, na Avenida Munhoz da Rocha. Houve confronto com a Polícia e, na troca de tiros, um segurança e um garçom foram baleados.

Joalheria Bergerson — A loja da joalheria Bergerson do ParkShopping Barigui, em 25 de abril, foi assaltada por homens armados. Houve confronto com troca de tiros. O crime ocorreu por volta das 20h40, quando o shopping estava cheio. Havia pelo menos três assaltantes que atacaram a joalheria Bergerson. Testemunhas chegaram a falar em fuzil e escopeta.