recicladoras_1_daniel_castellano_sedest
Foto: Foto: Daniel Castellano/SEDEST-PR

Sessenta e cinco mulheres que atuam na reciclagem de resíduos sólidos em Ponta Grossa, Porto Amazonas, Castro, Sengés, Arapoti e Jaguariaíva receberam, nesta quarta-feira (30), os certificados de conclusão do curso de capacitação empreendedora promovido pelo programa Empreendedoras da Reciclagem. A cerimônia foi realizada na Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG).

Esta foi a segunda edição do projeto, desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), em parceria com a startup So+Ma e o Instituto Heineken. A primeira edição foi finalizada em maio deste ano.

O programa tem como objetivo fortalecer a autoestima, ampliar a qualidade do trabalho e incentivar a formalização das atividades no setor da reciclagem — que, segundo a Sedest, reúne cerca de 6 mil trabalhadores no Paraná, em sua maioria mulheres, organizadas em cerca de 443 cooperativas e associações.

“Ecologia vem do grego e significa ‘sabedoria da casa’. E qual é a casa de todos nós? É o mundo. A reciclagem é essencial para termos um planeta mais saudável e sustentável, por isso a relevância de projetos como esse”, afirmou o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca.

Transformações reais

Participante da capacitação, Josélia do Rocio de Lara, de 45 anos, integra a Cooperativa Coocarpa, em Porto Amazonas. Ela conta que o curso foi um incentivo não só profissional, mas também pessoal:

“Eu não tinha nem o ensino fundamental. Agora já estou terminando o médio. Fiz esse curso e no ano que vem vou entrar na faculdade de Administração”.

Josélia deixou uma carreira de 13 anos para trabalhar com reciclagem e relata que, desde então, sua vida ganhou novo significado.

“O curso abriu minha mente, me fez sentir uma mulher importante depois de tanta luta”, disse.

Formação empreendedora

A capacitação teve como base nove mentorias desenvolvidas pela So+Ma, abordando temas como empreendedorismo, associativismo, cooperativismo, legislação, gestão financeira, liderança, saúde mental e outros. A estrutura do conteúdo foi pensada a partir de oficinas com escuta ativa, realizadas com lideranças femininas do setor em cada cidade.

“Cerca de 75% da força de trabalho da reciclagem no Brasil é composta por mulheres. O objetivo é que elas se sintam, de fato, empreendedoras do próprio negócio, porque fazem muita diferença na sociedade”, destacou a fundadora da So+Ma, Claudia Pires.

Parceira do projeto, a Heineken apoia a iniciativa como parte de sua estratégia de sustentabilidade. Para Ligia Camargo, diretora de Sustentabilidade da companhia, é impossível falar em circularidade sem reconhecer o papel essencial dessas trabalhadoras:

“Elas são maioria no setor, mas ainda enfrentam desigualdades sociais, econômicas, raciais e de gênero, agravadas pelo preconceito que a sociedade impõe”, ressaltou.