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Tabela do IRPF (Foto: JoĂ©dson Alves/AgĂªncia Brasil)

A tabela de isenĂ§Ă£o do Imposto de Renda Pessoa FĂ­sica pode ter aumento do limite da primeira faixa, passando dos atuais R$ 2.259,20 para R$ 2.428,80.

Nesta segunda-feira (23), o ex-presidente da CĂ¢mara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), apresentou o parecer sobre o projeto de lei que altera os valores da tabela progressiva mensal do IRPF, aumentando o limite da primeira faixa, isenta de tributaĂ§Ă£o.

Anteriormente, a isenĂ§Ă£o valia para o ganho mensal de atĂ© R$ 2.259,20. De acordo com a justificativa do projeto de lei, a atualizaĂ§Ă£o corresponde a um acrĂ©scimo de 7,5% no teto da alĂ­quota zero, garantindo isenĂ§Ă£o integral aos contribuintes que recebem atĂ© R$ 3.036,00 mensais.

O texto replica os termos de uma Medida ProvisĂ³ria que o governo federal editou em 11 de abril. A MP entrou em vigor imediatamente, mas tinha validade temporĂ¡ria. Em razĂ£o do risco de a medida caducar, o lĂ­der do governo na CĂ¢mara, JosĂ© GuimarĂ£es (PT-CE), apresentou um projeto de lei com os mesmos termos. Na segunda-feira, 16, o PlenĂ¡rio da CĂ¢mara dos Deputados aprovou, de forma simbĂ³lica, a urgĂªncia da proposta.

Em razĂ£o de o PL replicar o texto da MP, Lira apresentou um substitutivo apenas para incorporar um dispositivo que justamente revoga a medida editada pelo governo. Em seu parecer, o relator citou a renĂºncia fiscal estimada – de R$ 3,29 bilhões para 2025, R$ 5,34 bilhões em 2026 e R$ 5,73 bilhões em 2027 – destacando que os impactos dos prĂ³ximos anos jĂ¡ constam do projeto de leu que amplia a isenĂ§Ă£o do IR para quem ganha atĂ© R$ 5 mil, “gerando, no mĂ­nimo, um resultado lĂ­quido neutro para os cofres pĂºblicos a partir de 2026”.

Lira destacou um ponto do projeto de lei que aumenta o limite da primeira faixa da tabela do IR “evidencia o carĂ¡ter coordenado da atualizaĂ§Ă£o tributĂ¡ria em curso”: o fato de ele, assim como o PL que isenta quem ganha atĂ© R$ 5 mil mensais e estabelece uma tributaĂ§Ă£o mĂ­nima para altas rendas, tramitarem sob sua relatoria. “Isso visa assegurar a plena harmonia e a complementaridade entre as duas peças legislativas, evitando-se quaisquer contradições ou o esvaziamento mĂºtuo de seus objetivos”, frisou.

Segundo Lira, a aprovaĂ§Ă£o do PL para o qual ele agora apresentou o relatĂ³rio “nĂ£o Ă© um ato de mĂ©rito isolado”, mas uma “condiĂ§Ă£o necessĂ¡ria para a viabilidade e a coerĂªncia” para a aprovaĂ§Ă£o do projeto que amplia a isenĂ§Ă£o para quem ganha atĂ© R$ 5 mil. HĂ¡ uma expectativa de que o ex-presidente da CĂ¢mara possa divulgar, ainda nesta semana, tambĂ©m o parecer sobre este segundo texto, que Ă© analisado pela ComissĂ£o Especial da CĂ¢mara sobre a isenĂ§Ă£o do IR.

Em seu parecer, Lira destacou que o projeto “atua de forma necessĂ¡ria, a fim de restabelecer a coerĂªncia entre a polĂ­tica salarial e a tributĂ¡ria. No documento, o deputado destacou que a falta de uma correĂ§Ă£o plena da tabela do IRPF impĂ´s a cidadĂ£os com menor capacidade econĂ´mica “uma forma perversa e silenciosa de aumento da carga tributĂ¡ria”.

“A corrosĂ£o inflacionĂ¡ria, ao nĂ£o ser refletida nos limites de isenĂ§Ă£o e nas demais faixas do imposto, faz com que reajustes salariais que mal recompõem as perdas do poder de compra sejam tributados como se representassem efetivo ganho. Cumpre a este Parlamento, portanto, agir para mitigar os efeitos dessa distorĂ§Ă£o, que onera injustamente a base da pirĂ¢mide social e contraria o espĂ­rito de progressividade que deve nortear nosso sistema”, indicou Lira.

Segundo o relator, ao aumentar a faixa de isenĂ§Ă£o, como propõe o projeto assinado pelo lĂ­der do governo na CĂ¢mara, o Congresso “reafirma um compromisso civilizatĂ³rio de graduar a tributaĂ§Ă£o de forma mais equĂ¢nime, fazendo valer a premissa constitucional de que o imposto deve ser um instrumento de reduĂ§Ă£o das desigualdades, e nĂ£o de seu aprofundamento”.