O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, força-tarefa do Ministério Público do Paraná e Polícias Civil e Militar, desarticulou ontem uma quadrilha que praticava estelionatos contra idosos. O grupo agia há vários anos, aplicando golpes em seis estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Doze pessoas foram presas ontem pela manhã, sete em Curitiba (PR), uma em Colombo (PR), uma em Joinville (SC) e três no Guarujá (SP), a partir de mandados de prisão temporária expedidos pelo Juízo da Vara de Inquéritos Policiais, a pedido do Gaeco.
Foram apreendidos diversos documentos, 39 telefones celulares, 48 chips de diversas operadoras de telefonia, 92 cartões bancários, um veículo e uma pistola 380, com munição, além de R$ 355,10 em dinheiro.
O alvo preferencial da quadrilha eram pessoas nascidas nas décadas de 30 e 40. Cada golpe rendia ao grupo entre R$ 7 mil e R$ 51 mil. Dezenas de vítimas já foram identificadas durante as investigações, iniciadas há quatro meses, mas não se sabe precisar o total de lesados em todo o País.
Para obter vantagem, o grupo induzia os idosos a acreditar que tinham valores a receber pela compra de ações por meio do Fundo 157, espécie de fundo de ações criado pelo governo militar, no final da década de 60, que permitia que contribuintes aplicassem parte do que deviam em imposto de renda na compra de ações e debêntures por meio de instituições financeiras de sua escolha.
Segundo as investigações, a quadrilha atuava com organização empresarial, chefiada a partir do Guarujá, Litoral de São Paulo, com pessoas agindo também em Carapicuíba (SP), Joinville (SC) e Curitiba (PR).
Esquema — Para aplicar os golpes, os estelionatários telefonavam para as vítimas simulando ser das empresas Usiminas ou Cosiminas, de Belo Horizonte. De posse de todos os dados pessoais, inclusive CPF, os falsários diziam aos idosos que eles (ou pessoas da família, inclusive já falecidas) tinham um lote de ações oriundas do Fundo 157 e que deviam telefonar para o Departamento de Ações da empresa, para resgatar os valores a que tinham direito. Informavam, então, um número de telefone que diziam substituir o 0800, mas que, na verdade, era de um celular.
Para resgatar o dinheiro, as vítimas eram informadas de que tinham de pagar primeiro o valor relativo ao imposto de renda e taxas. Para proteger o esquema e desviar a atenção dos órgãos policiais, a quadrilha usava apenas telefones celulares adquiridos com documentos falsos ou de terceiros, sempre com DDD de fora de Curitiba (45, 43,13 e 11).
Um dos fatos que chamaram a atenção dos policiais e promotores de Justiça foi que, depois de obter quantia considerável, o grupo tentava repetir o golpe com a mesma vítima, sob o pretexto de que havia mais ações, que só poderiam ser resgatadas em conjunto.
A investigação no Paraná começou após denúncia feita por uma senhora que mora no estado de São Paulo. Ela prestou declarações ao Gaeco paulista, contando que pagou quase R$ 52 mil, em dois depósitos feitos em contas de laranjas, a pretexto de imposto de renda sobre quantia superior a R$ 177 mil, que teria a receber em ações preferenciais da Usiminas.
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