
Um levantamento recente da plataforma colaborativa Expatistan colocou dez cidades brasileiras entre as 140 mais caras do mundo, e duas delas estão no Paraná.
De acordo com os dados, Curitiba aparece na 116ª posição no ranking mundial, atrás apenas de São Paulo e Florianópolis entre as cidades brasileiras. Já Foz do Iguaçu, na região Oeste do Paraná, ocupa a 133ª colocação entre os lugares com o custo de vida mais alto.
Apesar de altos custos, muitas das cidades listadas oferecem boa infraestrutura, segurança e qualidade nos serviços públicos. No entanto, no Brasil, o peso no bolso nem sempre vem acompanhado de qualidade e isso tem feito muitos brasileiros reconsiderarem suas escolhas de moradia.
A pesquisa considera gastos com moradia, transporte, alimentação, vestuário, saúde e lazer. Ou seja, todos os itens que impactam diretamente no dia a dia da população.
As 10 cidades mais caras do Brasil, segundo a Expatistan:
- São Paulo
- Florianópolis
- Curitiba
- Campinas
- Rio de Janeiro
- Belo Horizonte
- Rio Preto
- Salvador
- Foz do Iguaçu
- Bauru
A Expatistan é uma ferramenta colaborativa usada mundialmente para comparar o custo de vida entre cidades. Ideal para quem está pensando em se mudar, a plataforma analisa preços reais informados por usuários locais, oferecendo uma média confiável sobre os custos diários de cada lugar.
E no mundo, quais são as mais caras?
Se os preços no Brasil já assustam, o custo de vida em algumas cidades do exterior é ainda mais salgado. A Numbeo, outra plataforma colaborativa, aponta que as cidades suíças dominam o ranking global em 2025. Veja o top 15:
- Zurique, Suíça
- Basileia, Suíça
- Genebra, Suíça
- Lucerna, Suíça
- Lausanne, Suíça
- Lugano, Suíça
- Berna, Suíça
- Nova York, EUA
- Reykjavik, Islândia
- Honolulu, EUA
- São Francisco, EUA
- Seattle, EUA
- Cingapura
- San Jose, EUA
- Oslo, Noruega
Por que o custo de vida é alto em Curitiba e em Foz?
Segundo o professor doutor Sérgio Czajkowski, especialista em comportamento do consumidor e cidades inteligentes, fatores como infraestrutura, turismo, qualidade de vida, valorização imobiliária e relações internacionais formam um tecido urbano complexo, que pressiona preços e dificulta o acesso à moradia e aos serviços básicos, especialmente para as famílias de baixa renda.
Curitiba passou por grandes transformações desde os anos 1970, quando a Cidade Industrial (CIC) impulsionava a economia baseada na indústria. Hoje, a capital paranaense se destaca pelos serviços, pelo turismo de negócios e pelo ambiente favorável à inovação e às startups.
“A cidade, que até então tinha como foco a indústria, começou a migrar paulatinamente para o setor de serviços e inovação, principalmente com as últimas políticas públicas”, explica o professor Czajkowski.
Com infraestrutura consolidada, acesso à saúde e educação de qualidade, Curitiba atrai pessoas com alta qualificação profissional e poder aquisitivo. Isso cria um ciclo de valorização, pois essas pessoas tendem a morar em regiões nobres, próximas a áreas verdes e bem estruturadas, pressionando o mercado imobiliário.
Já Foz do Iguaçu vive uma realidade única. Com as Cataratas do Iguaçu, a Usina de Itaipu e a fronteira com Paraguai e Argentina, a cidade recebe um fluxo intenso de turistas e compradores diariamente.
Essa movimentação constante de visitantes estrangeiros e brasileiros aquece a economia e estimula investimentos privados e públicos. Mas também tem seus efeitos colaterais. Por exemplo, como pontua o professor, o mercado imobiliário sofre pressão por conta da alta demanda de hospedagens temporárias via plataformas como o Airbnb. O resultado é que moradores que não têm imóvel próprio são empurrados para bairros mais distantes do centro.
Estudos apontam que o custo mensal de uma família de quatro pessoas em Foz gira entre R$ 10.200 e R$ 10.500. Parte da população atravessa a Ponte da Amizade para fazer compras no Paraguai, aproveitando a diferença cambial e preços mais acessíveis em combustíveis, alimentos e eletroeletrônicos.
A dinâmica de Foz e Ciudad del Este é de conurbação, cidades diferentes que, na prática, funcionam como uma só. “Muitos moradores tanto da cidade de Foz quanto dos arredores acabam atravessando a Ponte da Amizade justamente para fazer compras no Paraguai”, observa o professor da UniCuritiba.
Ou muitas vezes vão para a Argentina, isso acontece com combustível, determinados bens, ou quando tem uma flutuação cambial. Essa integração informal entre os países pressiona o comércio local. Muitos consumidores preferem os preços mais baixos de Ciudad del Este, o que afeta o faturamento de empresas estabelecidas em Foz. Por outro lado, esse mesmo movimento atrai investidores atentos ao potencial logístico, comercial e turístico da região.
Afinal, o alto custo alto atrai ou afasta?
Segundo Czajkowski, o custo de vida elevado pode afastar moradores de baixa e média renda, mas dificilmente desestimula investidores. Quem tem menos recursos é obrigado a se afastar das áreas mais valorizadas, mas o investidor vê oportunidade. Se o retorno financeiro é viável, ele aplica recursos, constrói, e isso retroalimenta o desenvolvimento da cidade.
A presença de empresas do setor de tecnologia, comércio exterior, direito internacional e turismo mostra que tanto Curitiba quanto Foz conseguiram transformar vantagens geográficas e urbanas em atrativos de mercado. São cidades que, ao longo do tempo, planejaram seu crescimento com base em infraestrutura, inteligência urbana e diversificação econômica.