Duas cidades do Paraná estão entre as mais caras do mundo para se viver, segundo ranking internacional

Curitiba e Foz do Iguaçu aparecem na lista de 140 cidades globais com custo de vida mais alto

Isabelle Sales
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Foz do Iguaçu está no ranking das 140 cidades mais caras do mundo (Foto: Roberto Dziura Jr/AEN)

Um levantamento recente da plataforma colaborativa Expatistan colocou dez cidades brasileiras entre as 140 mais caras do mundo, e duas delas estão no Paraná.

De acordo com os dados, Curitiba aparece na 116ª posição no ranking mundial, atrás apenas de São Paulo e Florianópolis entre as cidades brasileiras. Já Foz do Iguaçu, na região Oeste do Paraná, ocupa a 133ª colocação entre os lugares com o custo de vida mais alto.

Apesar de altos custos, muitas das cidades listadas oferecem boa infraestrutura, segurança e qualidade nos serviços públicos. No entanto, no Brasil, o peso no bolso nem sempre vem acompanhado de qualidade e isso tem feito muitos brasileiros reconsiderarem suas escolhas de moradia.

A pesquisa considera gastos com moradia, transporte, alimentação, vestuário, saúde e lazer. Ou seja, todos os itens que impactam diretamente no dia a dia da população.

As 10 cidades mais caras do Brasil, segundo a Expatistan:

  1. São Paulo
  2. Florianópolis
  3. Curitiba
  4. Campinas
  5. Rio de Janeiro
  6. Belo Horizonte
  7. Rio Preto
  8. Salvador
  9. Foz do Iguaçu
  10. Bauru

A Expatistan é uma ferramenta colaborativa usada mundialmente para comparar o custo de vida entre cidades. Ideal para quem está pensando em se mudar, a plataforma analisa preços reais informados por usuários locais, oferecendo uma média confiável sobre os custos diários de cada lugar.

E no mundo, quais são as mais caras?

Se os preços no Brasil já assustam, o custo de vida em algumas cidades do exterior é ainda mais salgado. A Numbeo, outra plataforma colaborativa, aponta que as cidades suíças dominam o ranking global em 2025. Veja o top 15:

  1. Zurique, Suíça
  2. Basileia, Suíça
  3. Genebra, Suíça
  4. Lucerna, Suíça
  5. Lausanne, Suíça
  6. Lugano, Suíça
  7. Berna, Suíça
  8. Nova York, EUA
  9. Reykjavik, Islândia
  10. Honolulu, EUA
  11. São Francisco, EUA
  12. Seattle, EUA
  13. Cingapura
  14. San Jose, EUA
  15. Oslo, Noruega

Por que o custo de vida é alto em Curitiba e em Foz? 

Segundo o professor doutor Sérgio Czajkowski, especialista em comportamento do consumidor e cidades inteligentes, fatores como infraestrutura, turismo, qualidade de vida, valorização imobiliária e relações internacionais formam um tecido urbano complexo, que pressiona preços e dificulta o acesso à moradia e aos serviços básicos, especialmente para as famílias de baixa renda.

Curitiba passou por grandes transformações desde os anos 1970, quando a Cidade Industrial (CIC) impulsionava a economia baseada na indústria. Hoje, a capital paranaense se destaca pelos serviços, pelo turismo de negócios e pelo ambiente favorável à inovação e às startups.

“A cidade, que até então tinha como foco a indústria, começou a migrar paulatinamente para o setor de serviços e inovação, principalmente com as últimas políticas públicas”, explica o professor Czajkowski.

Com infraestrutura consolidada, acesso à saúde e educação de qualidade, Curitiba atrai pessoas com alta qualificação profissional e poder aquisitivo. Isso cria um ciclo de valorização, pois essas pessoas tendem a morar em regiões nobres, próximas a áreas verdes e bem estruturadas, pressionando o mercado imobiliário.

Já Foz do Iguaçu vive uma realidade única. Com as Cataratas do Iguaçu, a Usina de Itaipu e a fronteira com Paraguai e Argentina, a cidade recebe um fluxo intenso de turistas e compradores diariamente.  

Essa movimentação constante de visitantes estrangeiros e brasileiros aquece a economia e estimula investimentos privados e públicos. Mas também tem seus efeitos colaterais. Por exemplo, como pontua o professor, o mercado imobiliário sofre pressão por conta da alta demanda de hospedagens temporárias via plataformas como o Airbnb. O resultado é que moradores que não têm imóvel próprio são empurrados para bairros mais distantes do centro.

Estudos apontam que o custo mensal de uma família de quatro pessoas em Foz gira entre R$ 10.200 e R$ 10.500. Parte da população atravessa a Ponte da Amizade para fazer compras no Paraguai, aproveitando a diferença cambial e preços mais acessíveis em combustíveis, alimentos e eletroeletrônicos.

A dinâmica de Foz e Ciudad del Este é de conurbação, cidades diferentes que, na prática, funcionam como uma só. “Muitos moradores tanto da cidade de Foz quanto dos arredores acabam atravessando a Ponte da Amizade justamente para fazer compras no Paraguai”, observa o professor da UniCuritiba.

Ou muitas vezes vão para a Argentina, isso acontece com combustível, determinados bens, ou quando tem uma flutuação cambial. Essa integração informal entre os países pressiona o comércio local. Muitos consumidores preferem os preços mais baixos de Ciudad del Este, o que afeta o faturamento de empresas estabelecidas em Foz. Por outro lado, esse mesmo movimento atrai investidores atentos ao potencial logístico, comercial e turístico da região.

Afinal, o alto custo alto atrai ou afasta?

Segundo Czajkowski, o custo de vida elevado pode afastar moradores de baixa e média renda, mas dificilmente desestimula investidores. Quem tem menos recursos é obrigado a se afastar das áreas mais valorizadas, mas o investidor vê oportunidade. Se o retorno financeiro é viável, ele aplica recursos, constrói, e isso retroalimenta o desenvolvimento da cidade.

A presença de empresas do setor de tecnologia, comércio exterior, direito internacional e turismo mostra que tanto Curitiba quanto Foz conseguiram transformar vantagens geográficas e urbanas em atrativos de mercado. São cidades que, ao longo do tempo, planejaram seu crescimento com base em infraestrutura, inteligência urbana e diversificação econômica.