Só o decrescimento poderá evitar uma crise ecológica planetária, diz economista

Marcus Eduardo de Oliveira diz que sistema econôico se alimenta de uma fonte que se esgota

Folha Oeste

Na avaliação do economista Marcus Eduardo de Oliveira, professor da UNIFIEO e da Faculdade de Ciências da FITO, ambas em São Paulo, enquanto não houver uma mudança radical do modelo econômico freando o crescimento nos países mais avançados, estaremos cada vez mais próximos de uma séria crise ecológica, cujo resultado será catastrófico.

Falando ontem (02) à Folha Oeste, Marcus de Oliveira destacou que a ideia em torno do decrescimento precisa ser absorvida, em primeiro lugar, pela comunidade de economistas que foram educados pela teoria neoclássica que ainda recomenda o crescimento econômico como santo remédio para todos os males sociais. Para esses economistas tradicionais, escapa-lhes a percepção que a economia está dentro de um sistema que se alimenta de uma fonte de energia e, por isso, a esgota. É de fundamental importância que todos entendam, diz Oliveira, que a exploração do subsolo da terra tem limites, que a biosfera é limitada e não pode mais ser agredida da forma como vem sendo. Para tanto, é necessário propagar a noção capaz de redefinir o processo econômico integrando variáveis ecológicas e repensar a busca pelo crescimento a qualquer preço.

Oliveira acredita que a noção do decrescimento econômico, ou seja, frear o ímpeto de crescimento das economias mais avançadas somente ganhará mais adeptos quando a maioria das pessoas perceber que a vida – e somente a vida – está acima de qualquer posicionamento da economia financeira, da economia que prioriza o valor e a quantidade, e não o conteúdo e a qualidade. E que para viver bem, com qualidade, com pleno desenvolvimento, não é preciso colocar mais produtos e mercadorias nas prateleiras dos supermercados, visto que isso é muito agressivo ao meio ambiente. Mais produtos significa menos ambiente à medida que aumenta a poluição; portanto, na prática, é sinônimo de menos vida. Penso que o decrescimento poderá evitar a crise ecológica, disse Oliveira.

No meu entendimento, o crescimento da economia só é recomendável em sociedades em que as pessoas estejam vivendo num nível abaixo das suas necessidades básicas. Nesses lugares, contudo, o crescimento é bem-vindo até certo ponto, ultrapassado o ponto ótimo tem-se problemas, pois todo e qualquer crescimento tem limites e é simplesmente impossível crescer infinitamente num planeta finito, cujos recursos são limitados, explicou.

O economista criticou enfaticamente a macroeconomia tradicional que trata o sistema econômico como um processo circular isolado, ignorando o fato que para se produzir algo é necessário extrair matérias-primas e energia do meio ambiente, transformar em mercadoria e depois devolver ao ambiente os dejetos.