trump
O presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: Isac Nóbrega/PR )

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (10) que vai impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos da China a partir do dia 1º de novembro. Na mesma data, também serão aplicados controles de exportação para todos os tipos de software crítico, de acordo com a publicação de Trump na plataforma Truth Social.

A tarifa dos EUA sobre produtos chineses em vigor atualmente é de 30%. O presidente já havia adiantado mais cedo que avaliava um “aumento massivo” nas taxas e que não via motivo para se reunir com o líder da China, Xi Jinping, em três semanas na Coreia do Sul.

As medidas, segundo o republicano, são uma resposta aos planos da China de “impor controles de exportação para todos os tipos de produtos”, em um movimento descrito por Trump como “obviamente um plano elaborado há muitos anos”. Ele acrescentou que as tarifas adicionais podem ser impostas até antes do dia 1º de novembro, a depender das ações ou mudanças de postura adotadas pela China.

“Ninguém nunca viu nada parecido, mas, essencialmente, isso ‘entupiria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a China”, disse ele na publicação.

Sem encontro

Mais cedo, Trump havia dito que não via motivos para se encontrar com Xi Jinping. “Eu deveria me encontrar com o presidente Xi, na Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português), na Coreia do Sul, mas agora parece não haver motivo para isso.”

A Casa Branca e a embaixada chinesa em Washington não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

Um porta-voz do representante de comércio dos EUA recusou-se a comentar, enquanto um porta-voz do Tesouro dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Os dois escritórios lideraram as negociações com Pequim sobre comércio.

Em setembro, ao anunciar um acordo para manter o TikTok ativo nos EUA, Trump afirmou que pretendia se encontrar com o líder chinês para discutir comércio, drogas ilícitas e a guerra da Rússia na Ucrânia.

No começo de outubro, o presidente americano voltou a falar do encontro e disse que a soja seria um dos principais tópicos da conversa com Xi Jinping. Pequim nunca confirmou publicamente a reunião entre os líderes.

Políticas da China

Na última quinta-feira (9), a China anunciou novas políticas de controle para a exportação de terras raras, tema crucial na disputa comercial envolvendo as potências. O novo movimento tem como objetivo aumentar o domínio chinês sobre a cadeia de produção de itens que utilizam os minerais raros oriundos do país asiático.

Com o anúncio, que tem efeito imediato, o país quer restringir o uso para fins militares, proibir cooperação não autorizada entre nações estrangeiras e atingir a fabricação de chips de alta tecnologia.

Na prática, a China cria um tipo de jurisdição extraterritorial ao exigir licença de exportação para produtos fabricados no exterior que utilizem terras raras de origem chinesa.

Segundo o porta-voz do Ministério do Comércio, o objetivo principal é salvaguardar a segurança e os interesses da China.

Mercado reage mal

O ataque de Trump à China nesta sexta-feira teve um forte impacto nos preços das Bolsas americanas. O índice S&P 500, composto por ações de grandes empresas, fechou em queda de 2,71%.

A Bolsa Dow Jones encerrou em queda de 1,90%, enquanto o Nasdaq, com forte presença de empresas de tecnologia, desvalorizou 3,56%. Na semana, os índices caíram 2,73%, 2,43%, e 2,53%, respectivamente.

Os índices S&P 500 e Nasdaq registraram as maiores quedas percentuais desde 10 de abril.

No mercado doméstico, o dólar disparou 2,39% e encerrou a semana cotado a R$ 5,503, patamar que não alcançava desde o último mês de agosto. A Bolsa, seguindo as demais praças acionárias globais, fechou em queda de 0,72%, a 140.680 pontos.

O nervosismo dos investidores acompanhou tanto o embate do presidente dos Estados Unidos com a China quanto o temor sobre o equilíbrio das contas públicas do Brasil.