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Pix (Bruno Peres/Agência Brasil)

O Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, virou o companheiro inseparável dos brasileiros até mesmo fora do país. Durante as férias de julho, a dentista Tuanny Monteiro Noronha, de Brasília, percebeu isso na prática: viajou com o marido para o Paraguai e a Argentina e pagou quase tudo — de eletrônicos a refeições — com um simples escaneamento de QR Code.

“Em Ciudad del Este, era raro encontrar uma loja que não aceitasse Pix”, conta Tuanny. “A presença é quase total, mais de 90% das lojas.” Na capital argentina, Buenos Aires, ela também encontrou ampla adesão. “A maioria dos restaurantes que fomos tinha a opção de pagamento via Pix.”

Apesar de o sistema funcionar, oficialmente, apenas dentro do Brasil, empresas privadas têm criado soluções para viabilizar o uso do Pix em outros países. A operação depende de parcerias entre fintechs brasileiras e adquirentes internacionais — as instituições que operam as maquininhas de cartão. O lojista digita o valor em moeda local, e o cliente brasileiro faz um Pix para pagar, já com o valor convertido em real e com IOF incluso. O câmbio é garantido no momento da compra.

“É simples: o consumidor escaneia o QR Code da maquininha, vê o valor final em reais, e paga na hora, com segurança e sem surpresas”, explica Alex Hoffmann, CEO da PagBrasil, uma das pioneiras no sistema. “É mais vantajoso que cartão de crédito, porque o cliente já sabe quanto está pagando.”

Expansão rápida e global

A adesão ao Pix fora do Brasil começou por países da América do Sul, como Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile, e agora avança pela Europa (Portugal, França, Espanha) e Estados Unidos. No aeroporto do Panamá, por exemplo, já é comum ver placas anunciando “Aceitamos Pix”.

Segundo Hoffmann, a ideia surgiu quando ele passou um réveillon em Punta del Este. “Era tudo lotado de brasileiros. Vi que fazia muito sentido levar o Pix para lá.”

Nos EUA, a PagBrasil firmou recentemente uma parceria com a Verifone, maior empresa de adquirência do país, para oferecer o pagamento via Pix em grandes redes varejistas e parques. A expectativa é que a novidade se espalhe por locais como Nova York e Flórida, destinos preferidos dos mais de 2 milhões de brasileiros que devem visitar os EUA este ano.

Alternativa às casas de câmbio

O uso do Pix no exterior também é facilitado por aplicativos de contas multimoeda. A jornalista Verônica Soares, também de Brasília, usou essa opção durante viagem a Paris. Ela fez um Pix da sua conta brasileira para a plataforma e converteu o valor para euros, sem precisar levar dinheiro vivo ou passar em casas de câmbio.

“Foi muito mais prático. Tudo no celular. Fiz o Pix e já tinha o saldo em euro no aplicativo. Usei um cartão digital para pagar”, explica Verônica.

Pix internacional oficial ainda está longe

Apesar do sucesso, o Banco Central afirma que, por enquanto, o Pix internacional ainda depende de acordos complexos entre países. A instituição estuda conectar o sistema brasileiro à plataforma Nexus, do Banco de Compensações Internacionais, que visa facilitar transferências internacionais entre diferentes nações.

Enquanto isso, o que existe são soluções privadas — mas que funcionam com rapidez e segurança, ganhando força principalmente em destinos turísticos com forte presença de brasileiros.

“O Pix é imparável”, garante Hoffmann. “É o sistema mais completo do mundo. Tem QR Code, aproximação, recorrência e, em breve, vai permitir parcelamentos. Não tem outro igual.”