
Em pouco tempo, o Pix se tornou parte da rotina de milhões de brasileiros, mas você se lembra como ele surgiu? O sistema de pagamentos instantâneos, que permite transferências em segundos, 24 horas por dia, entre instituições diferentes, começou a ser desenhado ainda em 2016, nos bastidores do Banco Central do Brasil.
A primeira apresentação pública da ideia aconteceu em dezembro daquele ano, poucos meses após Ilan Goldfajn assumir a presidência do BC. Dentro da chamada Agenda BC+, voltada à modernização do sistema financeiro, surgia um plano com foco em inclusão, eficiência e redução de custos nos serviços bancários. Na época, Goldfajn defendeu a criação de normas que acelerassem os processos de autorização para novos meios de pagamento.
A proposta evoluiu e, em 2018, foi criado o Grupo de Trabalho Pagamentos Instantâneos, com a participação de 130 representantes de bancos, fintechs, escritórios de advocacia, consultorias e do próprio governo. Em 21 de dezembro daquele ano, no fim do governo Michel Temer, o BC divulgou um comunicado com as bases do futuro sistema que viria a ser o Pix. O anúncio foi considerado histórico, encerrando seis meses de debates e testes técnicos.
Ainda em 2018, o Banco Central participou de um relatório internacional do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que reforçou os benefícios de sistemas de pagamento instantâneo. O BIS é considerado o banco central dos bancos centrais, reunindo instituições como o Federal Reserve (EUA) e o Banco Central Europeu.
O avanço mais concreto veio com a criação do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift), que funciona como uma incubadora de projetos inovadores no setor financeiro. A partir dali, o conceito do Pix foi estruturado.
Em agosto de 2019, o Banco Central anunciou que assumiria a administração direta do sistema, centralizando a base de dados para garantir segurança, escalabilidade e eficiência. O nome “Pix” só foi revelado em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia de covid-19.
Em novembro daquele ano, o sistema entrou no ar em caráter experimental. Duas semanas depois, no dia 16 de novembro de 2020, foi oficialmente lançado para todos os brasileiros. Uma resolução do BC garantiu a gratuidade do Pix para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEI), algo que se mantém até hoje, com exceção para transações comerciais realizadas por MEIs.
Desde então, o sistema só cresceu. Em cinco anos, o Pix movimentou cerca de R$ 65 trilhões. Só em junho de 2025, foram mais de R$ 2,8 trilhões transferidos por meio da ferramenta, com 936 instituições financeiras integradas ao sistema. Para se ter ideia, no mês de lançamento, em novembro de 2020, esse valor foi de R$ 25,8 bilhões, menos de 1% do registrado hoje.
Mesmo alvo recente de críticas internacionais, como as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Pix segue firme como um dos maiores casos de sucesso do Banco Central do Brasil, e uma referência global em inclusão financeira e inovação.