
Em um ano marcado por tantas turbulências nas universidades federais de todo o país por questões políticas e orçamentárias, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, realizou um discurso forte na entrevista coletiva que concedeu no dia em que é realizado a primeira fase do vestibular da instituição. Na conversa com jornalistas, exaltou o caráter democrático e inclusivo da instituição, citou as dificuldades financeiras pelas quais o Ensino Superior passa no pais e garantiu a continuidade do trabalho da UFPR pelos próximos anos, afirmando ainda que aqueles que foram aprovados no pleito podem esperar por uma “formação de qualidade, gratuita e pública”.
A primeira pergunta ao reitor foi sobre as mudanças na prova do vestibular para este ano. Sua resposta foi no sentido de exaltar a estabilidade que, segundo ele, já é característico ao vestibular da UFPR.
“Não queremos surpreender nossos candidatos, que muitas vezes estão desde o início do Ensino Médio se preparando. A gente procura, e isso já de muitos anos, não fazer grandes alterações. Neste ano, no que diz respeito às provas, não há efetivamente grandes alterações. As pequenas alterações foram feitas ano passado, como as bancas de verificação de autodeclaração serem feitas antes da primeira fase. Mas estruturalmente o vestibular é o mesmo, com a primeira fase começando hoje, com a segunda fase, da prova discursiva, das provas específicas, para aqueles cursos que têm prova específica”, disse o reitor.
Em seguida, então, Fonseca destacou que a novidade para este ano seria o fato de a instituição estar ofertando mais vagas à comunidade, apesar da crise orçamentária – a instituição chegou a estar em risco de ser obrigada de paralisar as atividades por conta do contigenciamento de 30% do orçamento discricionário, por determinação do Ministério da Educação. O vestibular deste ano oferece 207 vagas a mais do que o último.
“Eu diria que a novidade é que, apesar da universidade estar nesta crise orçamentária tremenda (nós e todas as universidades federais brasileiras), a gente está oferecendo mais vagas para a comunidade. Ou seja, a universidade, apesar de ter menos recursos a cada ano e de ter suas despesas aumentando a cada ano, a gente expande. A gente quer mais gente aqui dentro porque assim a gente realiza, inclusive, os objetivos do nosso Plano Nacional da Educação e faz a inclusão e acesso ao Ensino Superior que a gente tanto precisa.”
Se durante o ano muito especulou-se sobre os rumos do vestibular, inclusive com comentários sobre a possibilidade de suspensão do pleito por conta da falta de dinheiro, na entrevista o reitor foi claro no sentido de garantir a realização das provas a cada ano, afirmando se tratar de um processo autosustentável. “Em nenhum momento o vestibular foi questionado ou foi colocado em questão. E o processo do vestibular segue estável, como absolutamente sempre foi.”
“Tremores” e “crises” são circunstanciais
O momento turbulento pelo qual a UFPR passa em 2019, ressaltou ainda Ricardo Marcelo Fonseca, é circunstancial e nada atrapalhará a instituição em realizar o seu objetivo, que é abrir as portas para a sociedade e garantir maior inclusão social.
“A nossa universidade tem 107 anos. A universidade cirscunstancialmente passa por tremores, por crises. Mas isso não faz com que a universiade deixe de permanecer esse grande esteio da sociedade paranaense. Então não vão ser as crises que tivemos neste ano que vão fazer com que a nossa missão de abrir as portas para toda essa juventude, para viabilizar essa prova para mais de 54 mil pessoas no dia de hoje, a gente não ia deixar que isso acontecesse.”
Ainda segundo ele, quem ingressar na UFPR em 2020 terá garantido “formação de qualidade, gratuita e pública. A melhor formação do ensino superior no Brasil existe nas universidades públicas. A nossa Universidade Federal do Paraná é a universidade mais antiga do Brasil, a oitava melhor universidade do Brasil, de acordo com o ranking Universidades da Folha, líder em pesquisa e inclusão social, então pode esperar uma nova vida, pode esperar novas portas ou até um portal, que aquilo que nós esperamos que a universidade signifique na vida das pessoas.”