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UFPR (Foto: Franklin de Freitas)

Nesta terça-feira, 30 de abril, o Conselho Universitário (COUN) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fará reunião para decidir sobre a suspensão do calendário acadêmico por conta da greve dos servidores e professores. Caso seja aprovada, a medida vai afetar todas as atividades previstas. 

Estudantes do último período de medicina, que estão a 11 dias da conclusão, temem pela decisão. Ainda não se sabe se a suspensão vai afetar o curso, já que, mesmo com a greve, as atividades continuaram seguindo normalmente, pois os alunos prestam atendimento assistencial à comunidade no Hospital de Clínicas. Os professores de medicina e odontologia não aderiram à greve. Os dois cursos, inclusive, têm calendários acadêmicos próprios. 

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Se o calendário acadêmico do curso de medicina for incluído na suspensão, os estudantes pretendem entrar com um mandado de segurança, por entenderem que estão tendo o direito de concluir o curso afetado pela decisão. O calendário de medicina, inclusive, está atrasado seis meses por conta da pandemia de Covid-19. Os representantes do curso de odontologia, no entanto, aguardam a decisão do conselho para avaliar se também entrarão com a ação. 

Em assembleia estudantil realizada pelo Diretório Acadêmico Nilo Cairo, 97% dos estudantes de medicina votaram contra a paralisação do calendário acadêmico.

“Independente se a gente vá ou não vá nos estágios, nós continuaremos estudando, é claro, mas os professores não podem validar a nossa presença no hospital, nas atividades que a gente tiver, por conta da suspensão do calendário acadêmico. Enquanto está vigente a suspensão, a princípio ninguém pode ter aula oficialmente, não pode ser contabilizada a presença e nem aplicar provas”, explica o estudante Jorge Daikubara.

De acordo com Eduardo Kac, um dos formandos de medicina, alguns estudantes da turma do último período já têm vagas de concurso público e bolsas para assumir e serão prejudicados com a suspensão do calendário. 

“Nós respeitamos a greve e as demandas da greve, porém, as assembleias da universidade federal não costumam respeitar as especificidades do curso. Na pandemia, ficamos oito meses sem qualquer atividade letiva, e mais um semestre apenas on-line – o que foi adequado para vários cursos, mas não para um curso que tem dois anos de internato inteiramente prático”, conta o estudante. 

O Bem Paraná tentou contato com a comissão de ética da UFPR para saber se há possibilidade de reavaliar a decisão, especificamente no caso da turma do último período de medicina, se a suspensão do calendário for aprovada. Até o momento não houve retorno por parte do comitê. 

Greve 

A greve na UFPR teve início no dia 15 de abril. A paralisação, segundo a Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), é consequência da “falta de avanço nas tentativas de negociação com o governo das pautas centrais da categoria”. Entre essas pautas estão a recomposição salarial, reestruturação da carreira e precarização das condições de trabalho.

Reivindicações

O conjunto do funcionalismo federal vem defendendo uma proposta de reajuste salarial de três parcelas de 7,06% (em 2024, 2025 e 2026) para o grupo de servidores no qual se enquadram os docentes das Ifes. Os valores seriam suficientes para repor as perdas desde o governo Temer até o final do atual governo. A proposta do governo até agora é de 0% em 2024 e duas parcelas de 4,5% em 2025 e 2026.

Outra reivindicação não atendida até o momento, segundo a associação, é o “revogaço” de medidas do governo Bolsonaro que atacam os servidores e os serviços públicos, incluindo o projeto de Reforma Administrativa (PEC 32), que ainda tramita no Congresso Nacional.

Segundo a APUFPR, há também a necessidade de recuperar o orçamento das universidades federais, pois todas receberam valores inferiores ao necessário para manter o patamar de despesas por matrícula (2010 a 2022). Além disso, as negociações específicas sobre a reestruturação da carreira dos docentes federais não avançaram, assim como as pautas específicas, que ainda não começaram a ser debatidas (o MEC não atendeu às solicitações de reunião com o ANDES).

Outra reivindicação não atendida é a equiparação dos benefícios com os demais Poderes. O aumento de R$ 658,00 para R$ 1 mil no vale-alimentação não contempla aposentados e pensionistas. O mesmo acontece com o auxílio-creche, que passaria de R$ 321 para R$ 484,90

Servidores técnico-administrativos

Os servidores técnico-administrativos estão em greve desde o dia 11 de março nas instituições federais de ensino superior do país. No Paraná, além das universidades federais, a mobilização também ocorre no Instituto Federal do Paraná (IFPR).