O Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e em 2025. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE), divulgada nesta quinta-feira, 16, a estimativa neste ano passou de 3,50% para 3,70% – dentro do intervalo de tolerância da meta estipulada para 2024, que é de 3,00%, com variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Já para 2025, a projeção de IPCA passou de 3,10% para 3,20. O último boletim macrofiscal da SPE havia sido divulgado em março.

No documento, a SPE argumenta que entre fevereiro e abril, a variação acumulada em doze meses do IPCA seguiu em trajetória de queda, repercutindo principalmente a desaceleração acentuada nos preços de monitorados e também houve recuo relevante na inflação de serviços e bens industriais.

Em contrapartida, a alimentação em domicílio teve leve avanço. A avaliação é de até o final de 2024, o processo de desinflação de monitorados e serviços deve prosseguir. Mas, diante desse cenário, a opção foi por elevar a projeção do IPCA.

“Essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio levemente mais depreciado nos preços e os efeitos iniciais das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços de alimentos, especialmente arroz, produtos in natura, frangos e carnes. Embora a inflação de maio e junho deva acelerar em repercussão à calamidade, o efeito nos preços tende a ser majoritariamente temporário, em grande medida compensado após a normalização da oferta desses alimentos. Assim, ainda que de maneira não-linear, a desinflação deverá seguir ocorrendo, sendo mais evidente nas medidas subjacentes, menos afetadas pelo evento climático e pela volatilidade cambial e nos preços de commodities”, justifica a SPE.

A secretaria também pontua que para 2024, a expectativa é de que a média dos núcleos de inflação fique em patamar próximo de 3,40%, ante 4,34% em 2023. Para os anos seguintes, a projeção fica ao redor da meta de 3%.

O Ministério da Fazenda também revisou para cima a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o indicador neste ano passou de 3,25% para 3,50%. Para 2025, a projeção passou de 3,00% para 3,10%.

“Assim como ocorreu em 2023, espera-se inflação menor para classes de renda inferiores comparativamente ao IPCA”, diz o documento.

Já a estimativa da Fazenda para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2024 foi mantida em 3,50% e em 4,00% para 2025. O documento pontua que o indicador surpreendeu para baixo em março, mas avançou significativamente em abril.

“A alta repercutiu o avanço nos preços da soja, a menor deflação do milho e o aumento da inflação de minério de ferro e de alimentos industriais (carnes e óleos). Até o final do ano, a expectativa é que os preços no atacado sigam em patamar mais elevado em resposta à dinâmica dos preços de commodities e ao câmbio levemente mais depreciado. Além disso, o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul nos preços do atacado deverá ser mais pronunciado que nos preços ao consumidor, uma vez que algumas culturas não foram integralmente colhidas (caso da soja, por exemplo) e que parcela das estruturas de produção foi perdida”, pontua o boletim.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 13, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram IPCA de 3,76% em 2024 e de 3,66% no ano que vem.