Mais de mil pessoas tiveram de deixar suas residências nas cidades de Taquara, Parobé e Três Coroas, no Vale do Paranhana, no Rio Grande do Sul, região castigada por fortes chuvas nos últimos dias. Diversas famílias foram resgatadas por bombeiros e voluntários entre a noite de terça-feira, 30, e madrugada de quinta-feira, 2. O Estado registrou 13 mortes e 21 desaparecimentos.

Bárbara Neubarth, de 74 anos, diz que a tia Alayde Volkart, de 99 anos, teve de ser socorrida às pressas em Três Coroas, a cem quilômetros da capital. “Ela tem duas cuidadoras, pois não consegue se locomover porque depende de cadeira de rodas, entre outros cuidados”, disse.

A idosa precisou ser levada às pressas ao segundo piso de seu antigo casarão. ”As cuidadoras nos ligaram desesperadas e avisaram que levaram minha tia para o segundo andar, com cadeira de rodas, colchões”, contou a sobrinha, que vivem em Porto Alegre.

“O primeiro andar da casa inundou todo. Fiquei imaginando o desespero da minha tia e das cuidadoras em levá-la para cima”, acrescentou.

O casarão onde vive a idosa tem mais de 100 anos de construção e fica no centro, bem longe de onde passa o rio. ”Essa foi a primeira vez que a água entrou na residência”, contou Bárbara.

Governo decreta calamidade

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou estado de calamidade pública após 134 municípios gaúchos terem sido afetados pelas chuvas intensas. A medida foi publicada na noite de quarta-feira de feriado, 1º, em edição extraordinária do Diário Oficial.

Segundo o governador, este deve ser ‘o maior desastre’ climático já enfrentado pelos gaúchos e o Rio Taquari, um dos principais do Estado, atinge a maior elevação da história.

Na quinta-feira, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.

O Rio Grande do Sul tem sofrido com uma série de eventos extremos nos últimos anos. Em setembro de 2023, ao menos 41 pessoas morreram após a passagem de um ciclone pelo Estado.