socos elevador
Reprodução/Vídeo

O caso da mulher espancada pelo namorado, ex-jogador de basquete, repercutiu nos últimos dias. Depois de passar por cirurgias de emergência, ela falou com a imprensa.

A mulher, de 35 anos, levou cerca de 60 socos no rosto dentro de um elevador pelo ex-jogador de basquete Igor Cabral, no dia 26 de julho. Ela falou à TV Record que a agressão foi uma tentativa de acabar com sua vida e disse querer que ele soubesse “que não deu certo, que eu estou viva”.

Cabral foi preso em flagrante por tentativa de feminicídio. Ele alega que teve um “surto claustrofóbico”, mas não apresentou laudos. Ele está preso de maneira preventiva e a defesa diz que Cabral está à disposição das autoridades.

Segundo relato da vítima, ele ficou com ciúmes, jogou o celular dela na piscina e subiu para o apartamento para pegar os seus pertences. Ela subiu atrás, em outro elevador. Quando os dois se encontraram no mesmo andar, a discussão continuou. Com medo de ser agredida, ela permaneceu no elevador porque não há câmeras no corredor. “Ele disse ‘então você vai morrer’ e começou a me bater”, relata. Durante a discussão, o agressor avançou sobre a vítima e a socou no rosto por mais de 60 vezes.

“Eu resisti, ele falhou no plano dele”, declarou a mulher. Ela teve quatro ossos da face quebrados, não conseguindo mais mastigar, e precisou passar por uma cirurgia de reconstrução facial na sexta-feira, 1º. Segundo o cirurgião bucomaxilofacial e responsável pela operação, a quantidade de agressões sofridas pela vítima gerou fraturas pequenas que dificultaram o processo cirúrgico, considerado complexo.

A vítima contou à emissora que, no momento da agressão, seu rosto estava muito ensanguentado – o que dificultou a visão, mas relata ter se esforçado permanecer consciente. “Ele só me batia. Se eu apagasse, acho que eu teria morrido”, afirmou. Em um relacionamento com Cabral há quase dois anos, ela define a relação como tóxica e abusiva e o descreve como muito ciumento. “Ele era muito controlador, mas ele justificava isso como uma forma de amor”, contou. A mulher sabia do histórico de agressão do então namorado com outros homens, mas disse: “Nunca pensei que comigo seria assim”.

Sete meses antes do episódio no elevador, ela já havia sofrido outra agressão. “Durante uma discussão nossa, ele me empurrou e eu caí. Quando isso aconteceu, puxei a camisa dele para não cair, nisso tirou uns três pontinhos da camisa dele. E ele disse que tinha sido agredido e chamou a polícia”, relatou a vítima. Na ocasião, ela conta que os policiais perguntaram se ela queria registrar denúncia pela Lei Maria da Penha, mas ela decidiu não registrar o boletim de ocorrência. “Pensei que tinha sido impulso dele”, disse. Cabral também já tinha quebrado outros dois celulares de Juliana por ciúmes.

“A culpa não foi minha e a culpa nunca será da vítima. nenhuma mulher é culpada por ter sido agredida. Eu não tenho responsabilidade do ato dele. A responsabilidade do que ele fez é única e exclusivamente dele e ele tem que pagar por isso”, conclui a mulher.

A prisão

Também à TV Record, uma moradora do condomínio afirma que, após o crime, Igor estava calmo e pediu para que chamasse a polícia, o que já havia sido feito pelo porteiro do condomínio. “Na hora, ele estava bem tranquilo, botou as mãos para ser algemado, dizendo que estava errado, que perdeu a cabeça. Muito frio o cara. Não consegui algemar ele com as mãos para trás, porque não dava, de tão forte que ele era”, afirmou o policial responsável pela prisão de Cabral à emissora.

Segundo a delegada Victória Lisboa, que colheu o depoimento de Cabral e foi entrevistada pela TV Record, o agressor não demonstrou arrependimento, apenas “deboche”: “Ele sabia que o que ele tinha feito era errado, mas arrependimento, não”. Cabral foi transferido para uma unidade prisional do Sistema Penal do Rio Grande do Norte. Ele está preso preventivamente e saiu do Centro de Recebimento e Triagem (CRT), em Parnamirim, espécie de porta de entrada do sistema penitenciário, para a Cadeia Pública Dinorá Sinas, em Ceará-Mirim, na Grande Natal.

A defesa do agressor havia pedido à Justiça o isolamento do detento no presídio alegando risco à “vida e a integridade física” do acusado, alegando ameaças de uma facção criminosa local e pediu “isolamento para preservar sua vida e integridade física” por causa da grande repercussão do caso. Cabral denunciou ter sido agredido por policiais na penitenciária. A Secretaria da Administração Penitenciária (SEAP) do Rio Grande do Norte afirmou que vai investigar a denúncia.