O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cassou nesta terça-feira, 26, a decisĂ£o do Tribunal de Justiça de SĂ£o Paulo (TJ-SP) que em 6 de agosto suspendeu, em carĂ¡ter liminar (provisĂ³rio), a lei que instituiu o modelo de escola cĂ­vico-militar no Estado.

A decisĂ£o atendeu a pedido formulado pelo governo do Estado de SĂ£o Paulo na AĂ§Ă£o Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7.662, e serĂ¡ levada a referendo pelo plenĂ¡rio do STF.

Ao avaliar o caso, o ministro Gilmar Mendes considerou que o Tribunal de Justiça de SĂ£o Paulo invadiu a competĂªncia do STF ao suspender o modelo. Isso ocorreu porque a Lei Complementar 1.398/2024, que instituiu as escolas cĂ­vico-militares, tambĂ©m Ă© questionada em processos que tramitam no Supremo, nas ADIs 7.662 e 7.675.

Por essa razĂ£o, segundo o ministro, a aĂ§Ă£o em tramitaĂ§Ă£o no TJ-SP deveria estar suspensa atĂ© o julgamento de mĂ©rito pelo STF, conforme jurisprudĂªncia consolidada da Corte.

AlĂ©m disso, o relator apontou que o Tribunal de Justiça paulista tinha ciĂªncia das ações em tramitaĂ§Ă£o no Supremo e, mesmo assim, proferiu a decisĂ£o, demonstrando interferĂªncia direta na jurisdiĂ§Ă£o da Corte. Para o ministro, permitir tal atitude levaria ao esvaziamento da competĂªncia do STF.

“EstarĂ­amos a permitir que um Ă³rgĂ£o jurisdicionalmente inferior a esta Corte frustrasse as competĂªncias prĂ³prias do STF”, escreveu Gilmar Mendes.

O ministro ressaltou ainda que sua decisĂ£o nĂ£o envolve o mĂ©rito do debate sobre a constitucionalidade do modelo das escolas cĂ­vico-militares. Este julgamento serĂ¡ feito em momento oportuno.

O programa de escolas cĂ­vico-militares da gestĂ£o TarcĂ­sio de Freitas (Republicanos) prevĂª policiais militares da reserva como monitores em atividades extracurriculares. Os PMs nĂ£o darĂ£o aulas do currĂ­culo comum, como MatemĂ¡tica ou Geografia. A adesĂ£o Ă© voluntĂ¡ria, apĂ³s consultas Ă s comunidades escolares. EstĂ¡ prevista prioridade a unidades de maior vulnerabilidade socioeconĂ´mica, taxas de reprovaĂ§Ă£o ou baixo rendimento em aprendizagem.

Especialistas, porĂ©m, tĂªm ressalvas ao modelo. Eles afirmam que o formato nĂ£o tem potencial de benefĂ­cios em escala para a rede pĂºblica, uma vez que atende nĂºmero pequeno de unidades, e criticam a prioridade dada a militares, e nĂ£o a educadores.