NeĂ³fito na polĂ­tica hĂ¡ quatro anos, quando deixou a direĂ§Ă£o das empresas da famĂ­lia para se tornar uma “zebra” na disputa pelo governo mineiro e desbancar o PSDB e o PT, que havia trĂªs dĂ©cadas se revezavam no poder em Minas, Romeu Zema (Novo) vislumbra agora voos mais altos. De olho no PalĂ¡cio do Planalto, daqui a quatro anos, aliou-se com Jair Bolsonaro, candidato Ă  reeleiĂ§Ă£o pelo PL.

O governador garantiu a reeleiĂ§Ă£o Ă  frente do PalĂ¡cio Tiradentes com folga e assumiu protagonismo no segundo turno. Eleito na primeira fase da eleiĂ§Ă£o com 56,18% dos votos vĂ¡lidos, computou mais apoio do que o ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT), que obteve 48,29%, e atuou para impulsionar o neoaliado, que recebeu 43,60%.

“Zema nĂ£o esteve no palanque de Bolsonaro no primeiro turno porque perderia votos, com a aliança Luzema em Minas Gerais. Assim, manteve apoio discreto e apenas formal ao candidato de seu partido”, afirmou o cientista polĂ­tico Marco AntĂ´nio Carvalho Teixeira, professor da Escola de AdministraĂ§Ă£o de Empresas da FundaĂ§Ă£o Getulio Vargas (FGV). Felipe d’Avila, do Novo, somou 0,82% dos votos vĂ¡lidos em Minas.

JĂ¡ eleito, a situaĂ§Ă£o mudou. Para Teixeira, o governador deixou para trĂ¡s o medo de que eleitores mais Ă  esquerda lhe negassem voto. “Zema pede votos para Bolsonaro e tem um empenho muito forte para tentar impedir que o PT volte a ocupar o governo federal e para que ele possa avançar em seu projeto polĂ­tico de ser candidato a presidente em 2026”, disse o cientista polĂ­tico.

ABRAÇO. Com governo bem avaliado, Zema liderou as pesquisas para governador desde a prĂ©-campanha, no primeiro semestre, mas, no primeiro turno, manteve distĂ¢ncia estratĂ©gica do bolsonarismo. No segundo, por sua vez, acompanhou o presidente em eventos polĂ­ticos e religiosos e esteve ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) em municĂ­pios mineiros, ao abraçar a chamada pauta de costumes e o discurso religioso.

Em Belo Horizonte, hĂ¡ uma semana, com Michelle e Damares, Zema disse estar no ato “para valorizar aquilo que temos de mais importante, que tenho certeza de que todos vocĂªs vĂ£o concordar: a nossa famĂ­lia”. “NĂ£o podemos deixar esses valores tĂ£o importantes, principalmente por nĂ³s, mineiros, serem desprezados no Brasil”, afirmou.

O cientista polĂ­tico Thiago Rodrigues Silame, professor da Universidade Federal de Alfenas (UFA), destacou a importĂ¢ncia da abertura de um palanque para Bolsonaro em Minas. “Isso foi importante para a campanha de reeleiĂ§Ă£o do presidente, mas Zema nĂ£o Ă© um lĂ­der carismĂ¡tico a ponto de fazer uma transferĂªncia maciça de votos. Alguma influĂªncia Zema tem, mas ela nĂ£o Ă© suficiente a ponto de reverter o quadro do primeiro turno”, disse.

As informações sĂ£o do jornal O Estado de S. Paulo.