Mundo Ataque

Ataque em frente à sinagoga de Londres deixa dois mortos

Folhapress
policialondres

Divulgação Polícia de Manchester/ X

Duas pessoas morreram em um ataque ocorrido perto de uma sinagoga de Manchester, no noroeste da Inglaterra, nesta quinta, 2. Há ainda três feridos em estado grave após o incidente classificado de ataque terrorista pela polícia do Reino Unido.

Leia mais:

A suspeita é de que o agressor tenha atropelado pedestres antes de atacá-los com uma faca e ser baleado e morto pela polícia. A corporação disse ter pistas sobre a identidade do suspeito e afirmou que duas prisões já foram feitas.

Segundo as autoridades, o agressor carregava “itens suspeitos”. No começo da tarde, uma explosão foi ouvida do cordão de isolamento montado no local, onde uma equipe de desarmamento de explosivos atuava com a ajuda de um robô.

Os agentes foram para a Sinagoga da Congregação Hebraica de Heaton Park em Crumpsall, no norte de Manchester, durante a manhã, depois que uma pessoa ligou à corporação e afirmou ter visto “um carro atropelando pessoas e um homem sendo esfaqueado” em frente ao local. De acordo com outras testemunhas que também chamaram a polícia, “um segurança foi atacado com uma faca”.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais e verificado pela agência de notícias Reuters mostrou a polícia atirando em uma pessoa dentro do perímetro da sinagoga, enquanto outro homem que usava um quipá, o tradicional adorno judaico para a cabeça, estava caído em uma poça de sangue. “Ele tem uma bomba, afastem-se!” gritou o policial aos presentes.

Uma moradora das redondezas, Chava Lewin, disse que viu a cena após ser informada que o carro estava dirigindo erraticamente antes de colidir com os portões da sinagoga. “No segundo em que saiu do carro, ele começou a esfaquear qualquer pessoa próxima. Ele atacou o segurança e tentou invadir a sinagoga”, afirmou à imprensa britânica. “Alguém colocou uma barricada na porta.”

Após o ataque, a polícia foi vista escoltando um grupo de homens idosos, alguns em lágrimas e muitos parecendo chocados, para longe da sinagoga. Parte deles vestia túnicas brancas e outros usavam terno e quipá. Membros da comunidade judaica se reuniram perto do local de culto. A população judaica na Grande Manchester somava cerca de 28 mil pessoas em 2021, de acordo com a organização britânica Institute for Jewish Policy Research.

O ataque ocorre durante a data mais sagrada do calendário judaico —o Yom Kippur, ou Dia do Perdão. Durante esse dia, que sucede o Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico, os judeus devem fazer jejum absoluto e costumam ir várias vezes a sinagogas. A de Heaton Park havia agendado uma oração pouco antes do atentado.

A importância da celebração para o judaísmo faz muitas sinagogas reforçarem a segurança na data. Em 2019, por exemplo, duas pessoas foram mortas em um ataque a tiros durante o Yom Kippur em frente a uma sinagoga em Halle, no leste da Alemanha.

O incidente também acontece poucos dias antes do terceiro aniversário do ataque terrorista do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 pessoas, a maioria civis.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, antecipou sua volta de uma visita à Dinamarca e afirmou que “recursos policiais adicionais” serão mobilizados em sinagogas por todo o país. “O fato de isso ter ocorrido no Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico, torna tudo ainda mais horrível”, afirmou.

Já a embaixada israelense no Reino Unido chamou o ataque de “odioso e profundamente perturbador”.
O país europeu tem enfrentado um aumento no número de incidentes antissemitas nos últimos anos. Segundo a organização judaica Community Security Trust, houve 1.521 incidentes antissemitas durante os primeiros seis meses deste ano —uma redução em comparação ao recorde de 2.019 incidentes registrados no primeiro semestre de 2024, após o início da guerra na Faixa de Gaza.

O número de incidentes registrados este ano é o segundo maior, segundo a organização, que monitora o antissemitismo no Reino Unido desde 1984. O prefeito de Manchester, Andy Burnham, orientou a população a evitar a região. “É um incidente sério”, afirmou à rádio BBC. “Mas, ao mesmo tempo, posso dar alguma tranquilidade imediata às pessoas de que o perigo imediato parece ter acabado, e a Polícia da Grande Manchester lidou com isso muito rapidamente.”

O rei Charles 3º também se manifestou por um comunicado, afirmando que ele e a rainha Camilla estavam “profundamente chocados e tristes” com o ataque, “especialmente em um dia tão significativo para a comunidade judaica”. “Nossos pensamentos e orações estão com todos os afetados por este incidente terrível, e agradecemos imensamente as ações rápidas dos serviços de emergência”, afirmou.